terça-feira, 17 de junho de 2008

Atividades Literárias

Não morri ainda.

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O frio deve ter algo que inspira mais as pessoas. Já me disseram certa vez que a grande quantidade de escritores que existem no lado norte do mundo, nas regiões mais frias, se deve exatamente ao clima mais rigoroso de lá. Algo sobre ficar mais tempo dentro de casa, com mais tempo para ler e escrever etc. Além de que qualquer um ficaria inspirado descansando na frente da lareira, vendo a neve cair do lado de fora da janela (de uma casa de troncos de madeira, no alto de uma colina salpicada de coníferas... ta, chega de sonhar).
Mas tem algo a mais aí. Tem caroço nesse angu. O frio daqui do sul é tão rigoroso como lá, mas como é só um período por ano, não chega a nos fazer ficar dentro de casa. Bem afortunados (ou não) os que não sabem o que é sair da cama às seis da manhã, o sol nem chegou a nascer ainda, com a agradável temperatura de 1ºC para menos.
Mesmo não sendo tão inspirador como o lá das’oropa (como diria minha vó), o frio daqui também transmite certa magia. A prova viva disso é minha professora de Física. Como todos bem sabem, o humor não é uma das características mais encontradas em professores de Física, tampouco a simpatia. Então, para minha surpresa, enquanto subo a escada para a escola, escuto a infame piadinha sobre ter que se vestir como cebola para suportar esse frio, vindo da boca de quem? Sim, da professora de Física.
Aproveito a oportunidade para esclarecer que ela é uma das melhores professoras que eu já tive, com um amplo conhecimento na sua área, mas usei o exemplo dela por que realmente ela é uma exceção à regra dos professores dessa matéria.
E não são só os doutorandos em física que são afetados, pois eu, um mero estudante de Eletrônica, também acabei sendo acometido pela inspiração (três vivas para o frio: ip ip uhaa!). No início do frio, comecei uma historinha, minha primeira narrativa com um pouco mais de complexidade, e ela ta começando a ficar legal. Nada de coisas herculeamente grandes, no máximo umas dez páginas de Word. Se ficar legal, apenas SE eu gostar, talvez eu poste ela aqui, em partes.
Está valendo um monte como experiência, nunca tinha tentado escrever algo dessa magnitude. E estou me deparando com vários problemas que eu sequer imaginava que poderia encontrar. Grande parte deles eu já esperava; aficionado por leitura como sou eu por vezes notava uma ou outra manobra dos autores para evitar um erro de continuidade, uma troca de palavras para evitar que essas palavras perdessem a “força” necessária em outra ocasião, um ou outro comentário que é retomado bem depois, e a lista segue um monte.
Uma das coisas mais marcantes nessa aprendizagem foi a escolha das palavras, e mais do que isso, das frases. Em grande parte das vezes, não é o que tu diz que importa, e sim como tu diz, que palavras que tu usa pra dizer etc. Uma analogia interessante é o som de fundo de um filme. Imaginem a cena do tubarão espreitando o protagonista com aquela clássica musiquinha que deixa qualquer um com os cabelos da nunca em pé. Agora troquem o disco da cabeça de vocês e botem pra rodar simultaneamente à cena do tubarão algo como o Creu ou a Dança do Quadrado. Não dá. Simplesmente não dá. Nessa situação, a platéia ia se acabar de rir nas cadeiras do cinema enquanto as tripas do personagem voavam pra todos os lados e a câmera filmava a água avermelhando.
Isso do cuidado de quais palavras usar eleva a escrita quase ao nível de ciência exata, por que o escritor, além de apresentador de uma história ou de o que quer que seja que ele apresenta, também passa a ter o trabalho de manipular através das palavras escolhidas as emoções do leitor para que ao final do texto o leitor tenha a sensação que o escritor quiser. E é também isso que faz um escritor ser diferente de outro. Do mesmo jeito que algumas pessoas gostam de galinha e outras gostam de gado, algumas pessoas vão reagir diferente à alguma palavra ou frase que lerem. E como o escritor sempre escreve do jeito mais propício ao que ele gostaria, as reações das pessoas vão ser diferentes conforme seu gosto e percepção da escrita. Como a diferença no tempero de cada chef.
Acabei me empolgando e enrolando as idéias, mas tentem espremer algum sentido do parágrafo anterior que vão acabar ganhando alguma coisa no que pensar.
Antes de passar a assuntos cotidianos, eu tinha vontade ainda de falar mais umas coisinhas sobre isso para vocês. “Contratei” alguns beta-readers para o meu texto (dois até agora, só um deles leu por enquanto) que ainda nem está terminado, e um deles (o que leu) ainda me deu uma idéia que eu nem tinha pensado para a trama. A trama está bem complicadinha agora (pelo menos para um marinheiro de primeira viagem como eu), e essa idéia representa muito bem o que eu disse antes sobre a percepção que cada um tem do que lê.
“Contratei” está entre aspas por que não estou pagando nada. Eu entro com o texto, eles entram com a leitura do texto e com todas as críticas possíveis e imagináveis, e eu me permito uma dose cavalar de prepotência ao pensar que o pagamento deles já é o próprio serviço a que se prestam, hehehe.

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As notas do primeiro trimestre superaram as minhas expectativas. Estão todas bastante acima da média e recebi elogios de vários professores. Quero ver manter minha média lá no alto até o final do ano. Numa escola que pega pesado como a que eu estou, eu não duvido de que seria um feito inédito terminar o ano com tudo acima de 8. Quero dizer, eu me contentaria com 6, mas tentar tirar o máximo que puder não vai fazer mal pra mim.
Hoje comi como um porco o dia todo. Como os ursos polares, eu preciso da camada de massa adiposa para sobreviver ao frio. Conhecido também como pneuzinho isolante térmico. Quando começar a esquentar de novo, eu faço uma dieta e reduzo de tamanho novamente, até ficar com o corpo esbelto que me é característico (ui, gostosão!) e poder participar de festas em piscinas ou caminhadas sem camisa sem vergonha nenhuma das pelancas.
Sábado que vem é a Festa Junina mundialmente conhecida entre meus amigos do coral, onde eu vou me esbaldar para comemorar os resultados do trimestre puxado que eu tive na escola. O quentão não vai ter álcool (o álcool evapora durante o preparo) mas eu não me importo de tomar um porrão psicológico, hehehe. Quero ter uma overdose de felicidade (há séculos que eu não usava essa expressão).

Enfim, vou me recolher ao meu iglu e entrar em hibernação como meus colegas da massa adiposa isolante. Não sei quando volto e não me esperem para antes de uma semana. Talvez o frio me inspire bastante nos próximos dias (como hoje: quando foi a última vez que escrevi quase duas páginas de Word de um texto que eu considerei aproveitável?) e eu escreva, mas nada é certo além da morte. Final macabro, hehehe.

Abraço!

terça-feira, 3 de junho de 2008

Fim do Trimestre

Nada como fim de trimestre para aliviar o peso na consciência de ter que conseguir nota na cabeça dos CDF’s. Nas outras pessoas, esse peso só aumenta com a chegada dessa época.
Eu nunca me considerei CDF, mas agora me assumi mesmo. Saí do armário (ui!), hehehe. As notas estão boas, boa parte das matérias eu estou bem acima da média, precisei fazer poucas recuperações... E o tempo que seria usado nas recuperações que eu não fiz foram devidamente usados para esticar as pernas, chutar o pau da barraca, fazer de conta que é rei, essas coisas. Não estivesse o tempo glacialmente frio nos últimos dias e eu não tivesse pegado uma gripe do c*, teria tudo sido perfeito.
E por falar em gripe, teio algubas coisas bra dizer bra vozês. Meu nariz bateu todos os recordes mundiais e intergaláticos de produção de muco, conhecido também por meleca, mas principalmente por ranho nosso de cada dia nos dai hoje. Já usei todas as fraldas que sobraram de quando eu era criança (aquelas que podíamos reaproveitar; eu era um bebê ecologicamente correto), mas meu nariz continua sem dar sinais de que vai parar de pingar. Pelo menos eu sei que depois que essa gripe passar, meu corpo vai estar imunizado contra ela. Claro que o fato de existir mais duzentos e tantos vírus diferentes que podem causar uma gripe igual deve interferir de algum modo, mas prefiro não pensar muito no assunto. E isso vai cair na prova trimestral, coleguinhas**.

Bem, deixando o colégio e o frio de lado, tenho mais algumas coisas pra dizer pra vocês. Minha mãe arranjou um namorado agora. Antes eu até gostava da criatura, mas agora não posso olhar pra ele sem vontade de sei lá, não entendi essa vontade ainda. É algo misturado com tortura, empalamento, exílio, e outras coisas mais, mas no fundo sei que isso é involuntário. Não é tanto pelo cara, qualquer pessoa que se aproxime da minha mãe mais do que 100 metros e continuar se aproximando, e se aproximando, é uma vítima de assassinato (cometido por mim) em potencial. E ela já ta cachaceando falando em casamento, morar junto, essas coisas de menina que sonha com o príncipe encantado. Eu nem sei como reagiria a uma situação dessas, estou acostumado demais a ser o homem da casa e a ter uma privacidade invejável 24 horas por dia. Ter uma cueca que não é minha no varal é uma coisa que eu dificilmente vou voltar a aturar. Tem certas coisas que se aprende com o tempo, mas essa é uma das coisas que eu não quero aprender. Desde que meu pai morreu em 2004, nunca mais morou nenhum homem além de mim aqui em casa. Se morar, ou eu mato, ou eu viro punk. Minha mãe faz de conta que não escuta, mas deixa pra lá. Sei que é errado pensar assim, mas eu tenho certeza que não vai dar certo. Pronto, falei. Esse é um blog e uma das propostas dele (vide subtítulo) é descarregar desabafos. E esse parágrafo imenso foi um deles.

Cortando o assunto ruim, agora, só tenho a dizer pra vocês mais as coisas de sempre: continuo lendo como se minha vida dependesse disso (e é até engraçado: estou lendo bem mais³³³ do que eu lia quando tinha mais tempo), continuo comendo direitinho, escovando os dentes depois das refeições e falando mal dos políticos e dos religiosos xiitas nos tempos livres entre uma refeição e outra.
Ah, uma novidade, e até nem sei se é novidade, mas enfim: estou dando aulas de reforço um dia por semana na escola que eu estudava no ano passado. É principalmente voltado para a matemática, mas se um aluninho perguntar algo de outra matéria eu não me faço de rogado. É a coisa mais interessante aqueles marmanjões repetentes três vezes maior do que eu me chamando de “sor”, “tio”, e outras coisas equivalentes. Sexta feira agora vai ser o dia do Amigo da Escola, e eu vou ganhar um certificado pelo trabalho gratuito que eu tenho feito. Como escreveu o Frodo no maravilhoso livro dele, digo, no maravilhoso livro dele que agora é MEU livro maravilhoso, e onde tem dedicatória e todos os tipos de carinhos, “Reconhecimento é isso!”. Hehehe, valeu Frodo!

Bem, era isso, e me desculpem se não gostaram, hoje eu escrevi sem nenhum tipo de idéia fixa e fiz de conta que progressão temática é coisa de fresco.

Abraço!

* - u
** - os coleguinhas que me refiro são todos os mongolões (e mongolonas) que passarem por aqui. Todos deste tipo são colegas de sala meus, ;)