quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Retrato Falado

Minha vez de aderir ao movimento “não, eu não estou com inspiração hoje e por isso vou copiar um molde de texto embora tenha sido convocado para isso”. Segue abaixo a minha versão do texto que primeiramente estava no blog da Kari, depois foi pro blog do Antônio, que por sua vez tocou a batata quente para este que vos fala.


Uma hora: 6h e 40min da manhã
Um astro: Chuck Norris
Um móvel: bidê de livros
Um líquido: veneno destilado
Uma pedra preciosa: meus amigos são uma mina dessas
Uma árvore: a genealógica
Uma flor: copo de leite
Uma cor: azul
Um animal: Zeca Pagodinho
Uma música: “Raindrops Keep Falling on My Head”
Um livro: é pouco. Bom mesmo são vários. (“O Mochileiro das Galáxias” de Douglas Adams)
Um lugar: “minha cama, meu templo”
Um verbo: aprender
Uma expressão: “masahh, guri!”
Um mês: novembro
Um número: 42
Um instrumento musical: teclado
Estação do ano: primavera
Um filme: Matrix

Quem eu indico a fazer o retrato falado em seu blog é o meu carioca não-artista preferido: Frodo Bolseiro, digo, Frodo Oliveira.

Abraço!

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Colcha de Retalhos

Fiquei um tempão sem postar, e hoje tenho várias coisas novas para contar. O que é engraçado, por que muitas vezes no passado eu não tinha nada pra dizer e mesmo assim eu dizia alguma coisa. Nada que prestasse, mas dizia.

Enfim, vamos aos fatos...

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Sábado pela manhã ocorreu a tão comentada por mim prova do Liberato. Quase dois mil estudantes de mais de 50 municípios do estado estavam lá. Isso até deixa a minha situação meio estranha, já que eu moro a duas quadras da tal fundação. Se eu não participasse dessa prova, eu bateria em mim não fosse o fato de eu ser eu, mas deixa isso pra lá. Já devo ter citado esse paradoxo uma ou duas vezes.
Conferindo o gabarito no site da Liberato (www.liberato.com.br), eu descobri que acertei 18 questões das 25 que havia. Sem mentir, foi a minha pior atuação em uma prova, desde que eu entrei em uma escola, tirando as olimpíadas de matemática. Dizem as más línguas que eu consegui passar, mas as experiências que eu tenho em cantar vitória antes do tempo não são muito boas. Na última eu perdi feio em um jogo de canastra, e na imediatamente anterior eu terminei com uma espada de madeira encostada na nuca.

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Sábado de noite – ô diazinho, hein? – teve o desfile do Garoto e Garota Clemente Pinto, que eu participei na categoria Garoto Infanto. É muito estressante participar de um evento desses, ainda mais para quem organiza, mas os segundos em que você está na passarela enquanto nove a cada dez pessoas inclusive seus amigos do peito gritam o seu nome ou torcem de alguma maneira são mais do que compensadores. E quis o destino que eu ganhasse, então não apenas compensou como também sobrou compensação, e muito. Na hora da premiação eu nem lembrava mais da dor que eu estava sentindo nos restos mortais de minhas pernas, nem no desconforto na coluna em ter de ficar horas em pé e com uma postura correta para garantir a nota dos jurados; eu só fazia sorrir, olhar para a minha torcida e agradecer de todas as formas possíveis para qualquer pessoa que ficasse parada tempo suficiente perto de mim. É muito bom.

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O retalho de agora diz respeito aos dois retalhos anteriores.
O final de semana em questão foi talvez o mais rico em emoções e insights solitários da minha vida. Deixa eu explicar:
Pela manhã, eu tive a prova, e a todo o momento eu beirava uma síncope por nervosismo reprimido. Saí de lá confiante de que tinha feito um bom trabalho. À noite, eu tive o desfile, e junto dele todo o kit de emoções relatadas no retalho de antes. Depois de ganhar, eu logo fui embora junto com o pessoal que estava torcendo por mim, todos me parabenizando e zoando um pouco também o caminho todo. Ao chegar em casa, eles se tocaram na minha prova do Liberato (os participantes da prova podem levar pra casa a prova pra conferir no gabarito) como cães em um pedaço de bife mal passado. Dali a alguns minutos veio a confirmação de que eu tinha feito 18 acertos. Pra mim aquilo era muito pouco, eu esperava praticamente gabaritar a prova. Daí bateu o desespero. Fui tomar um banho pra por a cabeça em ordem e não funcionou. Depois de sair do banho, fiquei ciscando ao redor deles pra ver se eu conseguia me esquecer da bendita prova, mas se eu olhasse para qualquer um deles eu prontamente lembrava da mescla de fobia-do-que-podia-acontecer, decepção-certa-por-parte-dos-conhecidos e outros tantos pensamentos infelizes que só cresciam dentro de mim. Nem parecia que eu era o próprio que poucas horas antes estava transbordando satisfação consigo mesmo.
Depois de muito pensar (isso depois de acordar domingo) e meditar sobre todas as possibilidades, eu cheguei a conclusão de que não adiantava fazer nada, a merda estava feita e só adiantava esperar, por que o que quer que acontecesse não seria pior do que o que eu posso agüentar. Um tanto quanto confuso, mas era isso mesmo.
Só mais tarde eu fui descobrir que minha nota não foi tão ruim assim, que na média das pessoas tinha sido até boa, mas esse desapontamento foi preciso para um certo update em mim. “Nenhuma lição sobre o fogo é tão boa como a própria mão queimada”.

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Segunda-feira. Meu aniversário. Da Candy também (parabéns!!). Cem recados no Orkut em mais ou menos dois dias. Na escola, uma mistura de “feliz aniversário” com “parabéns Garoto Infanto-Juvenil”. Pedidos de MSN por parte de pessoAs que eu nunca vi na vida. Tá bom ou quer mais? Hehehehe.
De noite vieram aqui em casa me dar um abraço os amigos da FUB+associada e também vieram uma prima, a mãe dela, meu avô e minhas avós. Muito massa. Olhamos novela e um pedaço de um filme bagaceiro ao limite, e como tem gente que trabalha nesse mundo, meus amigos tiveram que ir para suas casas.

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Sábado vai ter a comemoração do meu niver, vem a cambada toda. Vai ser indescritivelmente bom. E dezembro vai ser cheio. Passeios de final de ano, formaturas, reuniões, Natal, Ano-Novo, etc... vai ser no mínimo interessante.
E mal vejo a hora das férias chegarem. Reler alguns livros de novo, aprender algumas músicas novas, jogar bastante no computador, e principalmente poder se entregar ao ócio total e absoluto.

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Bem, era isso. Eu sem sobra de dúvida esqueci de algo, mas agora já era.

Abraço!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Feriado Pessoalmente Nacional

Acordei hoje com a sensação de ter aproveitado plenamente os meus 13 anos. Desde o dia em que recebi os parabéns por ter completado 12, a minha vida só tem melhorado.

No começo do ano eu estava quase sem amigos, e os bons de verdade eu podia contar nos dedos. Meio crianção (continuo até hoje, porém em proporções bem mais modestas), ainda não sabia o valor de uma verdadeira amizade.
Pois bem, um pouco depois do começo das atividades de coralista e estudante, eis que começo a me aproximar de várias pessoas, e vou estreitando cada vez mais os laços de amizade existentes entre nós, até que passamos a nos encontrar ao menos uma vez por mês. Como isso se tornou insuficiente, passamos a nos encontrar uma vez por semana.
É muito bom ter amigos. Principalmente os que eu tenho, que são do tipo que poucas pessoas tem.
Eu sempre agradeço por ter recebido pessoas como eles na minha vida, mas em um dia como hoje, que é uma espécie de Dia de Ação de Graças Pessoal, isso fica muito mais presente na minha cabeça.

Muito obrigado a todos vocês, por terem me acompanhado até aqui (e apanham se não continuarem acompanhando), sejam vocês da FUB, da Nata, da Elite, da Família, do Coral, da Escola, da Internet, do Orkut ou de qualquer lugar: muito obrigado por dar sua amizade para mim!

Abraço a todos e...

Happy Birthday to me!
Happy Birthday to me!
Happy Birthday to me!
Happy Birthday to me...
and Happy Birthday to Candy!

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Friozinho na Barriga Antecipado

Hoje eu acordei às quatro e meia da madrugada. Fiquei até as cinco horas tendo alucinações e ouvindo coisas que não estavam ali. Quando decidi me levantar para dar fim ao show particular de luzes na cabeça, notei que estava completamente disposto, mesmo tendo dormido metade do tempo que é dito saudável.
Eu acordei tão antes do horário que eu tinha posto no alarme do celular por causa de um detalhe pequeno porém determinante: eu estou ansioso. Também pudera, pois esse final de semana promete. Prova do Liberato, desfile da escola, e logo depois meu aniversário. O frio na barriga é tanto que eu sinto as estalactites e estalagmites de gelo se formando dentro do meu abdômen.
O efeito da ansiedade como cafeína só passou agora de noite, na volta do ensaio, quando as horas de sono pendentes (calculo que umas 12) ficaram mais pesadas do que o nervosismo prematuro que lentamente me corrói por dentro. Foi a primeira vez que eu caí de sono, literalmente. Enquanto voltava pra casa, o sacolejar do ônibus se transformou em uma espécie de balanço como o de um colo, a poluição sonora se transformou em uma espécie de canção de ninar e as luzes dos postes se transformaram em uma espécie de imagem hipnótica para fazer dormir. Sorte que antes de o ônibus chegar à minha parada, ele dá duas viradas de quase 180°, impossíveis de não serem percebidas.

Perdoem-me o post curto, o sono me impede de continuar sem desmaiar, e perdoem-me por não fazer visitas mais freqüentes nos seus blogs, nesse ponto eu estou meio relaxado no momento...

Abração!

domingo, 18 de novembro de 2007

No News Now

Não sei se o título está escrito certo, mas tem uma sonoridade boa. Estou sem muitas novidades. Só alguns acontecimentos pra contar, mas nada muito interessante. Se você tiver algo mais interessante pra fazer, tipo dormir usando um porco espinho como travesseiro ou nadar em uma piscina sem água, pode fazer sem medo, eu não me importo. Deixa um comentário que já tá bom...

Pois bem, se você ainda está aí, então não me resta escolha senão contar o que quer que seja que eu tenha pra contar. Não é nada de legal, não é o tipo de coisa que você vai parar pra pensar “nossa, não foi esse guri que escreveu isso” ou “quem me dera escrever assim”. Está mais para “texto com objetivo de não criar teias de aranha no teclado”. Para eu escrever bem mesmo ainda falta muito, muito mesmo. E bota muito nisso.

Essa semana foi uma maravilha, pois terminou dois dias mais cedo. Na escola não poderia ter acontecido coisa melhor, pois já estamos com ânsias de olhar para as mesmas caras todas as manhãs. Mais um pouquinho e chega as férias, tão esperadas férias, que se depender de mim vão ser as mais aproveitadas até agora. Passar dois meses inteiros e mais um pouco sem ter absolutamente nada pra fazer por obrigação. Só cama, banho, leitura, rodinha de violão, e vez ou outra um visita no shopping. Só. De tarefa mesmo, só aprender melhor umas músicas, por que eu constatei (quinta de noite, enquanto eu e a turma de amigos jogávamos um jogo em que é preciso conhecer uma carrada de melodias) que eu tenho uma memória para músicas que pode ser medida em milímetros, e eu quero uma de no mínimo quilômetros (é aquela história de sempre estar se aprimorando, ;) ).
Sexta e sábado foram dedicados ao ócio. Segui a risca a máxima do Garfield: “o trabalho é sagrado, por isso não toque nele”.Acordei, em ambos os dias, ao meio dia, e passei a tarde toda em frente ao monitor atualizando a página de recados do Orkut para ver se chegava algo novo. Mas, como eu esperava, nada chegava, mas deixa isso pra lá.

A semana que chega agora será como o espaço: alguns poucos aglomerados de massa postos entre imensidões de vácuo, sendo os aglomerados de massa coisas importantes e a imensidão de vácuo sendo a rotina.
Nos dias de feira o máximo que vai acontecer são os ensaios do coral (os ápices de alegria da semana) com as músicas de Natal, que são tãããããããããããão legais que vocês nem imaginam. E, no final de semana, no mesmo dia, a prova do Liberato e o desfile da minha escola. Óbvio que eu vou dar mais atenção para o primeiro, mas o segundo vai tão divertido quanto ele. Me aguardem...

Bem, era isso.

Abraço!

PS: viram? Eu disse que usar um porco espinho como travesseiro ou nadar em uma piscina sem água seria mais interessante...

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Pedro Bial fala sobre a morte

Recebi este e-mail hoje, quando eu li a primeira coisa que me veio à mente foi postá-lo. Leiam e reflitam bastante sobre ele.

Abraço!

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Assisti a algumas imagens do velório do Bussunda, quando os colegas do Casseta & Planeta deram seus depoimentos. Parecia que a qualquer instante iria estourar uma piada. Estava tudo sério demais, faltava a esculhambação, a zombaria, a desestruturação da cena.
Mas nada acontecia ali de risível, era só dor e perplexidade, que é mesmo o que causa em todos os que ficam.
A verdade é que não havia nada a acrescentar no roteiro: a morte, por si só, é uma piada pronta.
Morrer é ridículo.
Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre.
Como assim?
E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente?
Não sei de onde tiraram esta idéia: morrer.
A troco do que?
Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir para estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente...
De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinqüente que gostou do seu tênis.
Qual é?
Morrer é um chiste.
Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também algumas contas. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira.
Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu. Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue à próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas, mulheres e morre num sábado de manhã.
Se faz check-up regulares e não tem vícios, morre do mesmo jeito.
Isso é para ser levado a sério?
Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase nada guardado nas gavetas.
Ok....
Hora de descansar em paz.
Mas antes de viver tudo, antes de viver até a rapa? Não se faz. Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas.
Morrer é um exagero.
E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas.
Só que esta não tem graça.

Por isso viva tudo que há para viver.

Não se apegue as coisas pequenas e inúteis da Vida.

Perdoe... Sempre!!

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Indignação

Quando uma pessoa nasce bem, é bem cuidada e sempre é cercada de carinho, ela tende a ter uma visão um tanto quanto “feliz” da vida. Quando se depara com a realidade nua e crua, leva um susto e estranha a diferença entre o que acaba de conhecer e a sua realidade anterior. Foi o que aconteceu comigo.
Eu sempre tive bem certa a idéia de que o mundo não é perfeito, mas é muito fácil pensar isso sentado na cozinha enquanto tem um maravilhoso almoço à frente, ou sentado na sala beliscando alguma guloseima enquanto assiste a um filme na televisão. É muito fácil dizer que não gosta de um prato sem antes prová-lo.
Como eu já devo ter dito alguma vez para vocês, no início do ano eu fui assaltado por um guri do meu tamanho, empunhando uma garrafa quebrada de cerveja. Ele levou cinco reais. Cinco reais.
O meu pai era taxista, e foi assaltado também. Isso na semana santa de 2004. Dois caras bem vestidos entraram no táxi dele, e pediram uma corrida lá para os cafundós do Judas. Lá anunciaram o assalto e pediram o dinheiro, meu pai deve ter tentado resistir e eles atiraram nele. Daí ele faleceu no hospital cinco dias depois. E eu tenho que dar destaque para três pontos: eles não levaram nada, um deles era menor de idade e nenhum dos dois foi preso.
Eu era novo demais pra entender essas coisas, e mesmo com isso tudo eu continuei a viver no meu mundo da fantasia.
Hoje de noite, na escola, foi que caiu a minha ficha. Lá só tem marginal! No corredor tinha gente fumando maconha a torto e a direito, lá fora eles estavam fazendo coisas que até Deus duvida, e descobri que o guri que me assaltou no começo do ano estuda à noite ali também. Passou por mim e nem me reconheceu. Deve ter assaltado muitos depois de mim, claro.
Na volta pra casa, e minha casa fica atrás da escola, eu passei a notar as coisas. As rodinhas de amigos na esquina puxando um fumo, cheirando coisas e etc...
O que é pra eu pensar? Melhor: o que é que eles pensam?
Como é que uma pessoa pode achar legal tocar a vida toda na privada e puxar a descarga? Como é que as garotas (que já foram legais) vão e ficam com esses caras, atrás de um “amor bandido” sem se tocar que é uma grande furada?
Ah, me faça um favor! Isso é falta de massa cinzenta! Gente com uma mentalidade desse tamanho tem mais é que se ferrar mesmo e deixar o mundo em paz.

Aff. Cansei.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Da série "Histórias Bíblicas"

Era mais um dia comum no paraíso. O céu estava azul, o sol estava brilhando, os passarinhos estavam cantando e a brisa estava batendo. Tudo na mais absoluta perfeição. Os animais de todos os tipos e tamanhos estavam vivendo em total harmonia sem fome ou dores, em suma, sem problemas.
No coração da floresta, estavam os dois únicos humanos dessa reserva florestal utópica. Uma mulher linda, com proporções femininas exatas e beleza inalcançável, vestida apenas com folhas e flores. Ao seu lado, um homem igualmente lindo, com proporções masculinas exatas e beleza igualmente inalcançável, também vestido apenas com folhas e flores, transbordando virilidade e com uma cicatriz bem característica na altura do abdômen.
Conversavam sobre os assuntos do momento: como as jabuticabas logo ao norte estavam tão impecáveis quanto as logo ao sul, como os tigres com aparência dócil realmente eram dóceis, ou como o clima estaria dali a algum tempo. Não que fizesse diferença, por que o clima era invariavelmente de um fim de tarde de sábado, com uma brisa morna e com nuvens brancas que tinham formatos estranhos no céu. A questão era que estavam sem assunto. Como em qualquer outro dia de Primavera no paraíso. E era sempre Primavera no paraíso.
Eva (esse era o nome da mulher) tinha tido algumas idéias para quebrar um pouco a rotina. Uma vez por mês ela ficava de mau humor e se emburrava por qualquer coisa que acontecesse contra sua vontade. O que era estranho, por que o tempo não passava lá e “mês” era um conceito avançado demais para a época. Mas como ela gostava de inventar moda, e sobretudo ficar de mau humor, ela o fazia mesmo assim.
Adão (esse era o nome do homem) não sabia onde tinha errado. Eva lhe exigia assunto demais, coisa que não era possível no meio daquele lugar que não acontecia nada de interessante. Ficava pensando agora se havia feito a escolha a algumas eras. Ainda lembrava do seu diálogo com Deus:
- Olá Adão, tudo bem?
- Sim, Senhor, tudo bem. Como vai o filho?
- Vai bem. O pestinha andou fazendo uma baita bagunça aqui no céu juntamente com alguns anjos de baixo escalão e alguns demônios que passaram a temporada por aqui pra se refrescar um pouco. Estou pensando em dar um grande castigo pra ele uma hora dessas, mas ainda não pensei bem no quê. Quando surgir uma oportunidade eu aproveito. Alguma novidade?
- Nada Senhor. O Senhor sabe, aqui não acontece nada. É sempre a mesma perfeição. O tempo todo. Eu estava precisando de algo que gerasse alguma confusão, alguma novidade pra mim, talvez até um pouco de estresse, embora eu saiba que isso não existe aqui...
- Entendo. Sabe, Adão, eu andei pensando sobre isso, e acho que tenho a solução para o seu problema. Só que eu vou precisar de uma costela.
- Uma costela?! Mas nem a pau! Ela está muito bem no lugar onde está.
- Adão, no passo que está, ou você perde a costela agora ou perde o braço daqui algum tempo, entende?
- [suspiro] Está bem, BigBoss. Toma.
E entregou a costela para Deus, achando que seus problemas estavam resolvidos. Estava redondamente enganado.

Atualmente, sua relação com Eva estava se desgastando. Ela não queria mais sua companhia, pois sempre estava com dor de cabeça. Estava andando pra cima e pra baixo com uma serpente muito suspeita, grande e vermelha, que tinha a cabeça mais triangular que um lugar sem régua pode oferecer. Tinha chifres também, mas os parcos conhecimentos sobre animais que Adão e Eva tinham os impediam de notar que cobras não têm chifres.
Adão também havia notado que sua parceira estava tendo algumas idéias estranhas a respeito da Árvore da Sabedoria Proibida, algo sobre comer os frutos da tal árvore para saber mais que Deus e talvez tomar o seu lugar. Ele sabia que isso era só fachada, por que o que ela queria mesmo era um pouco de inteligência para ter o que conversar com ele. E (essa a pior parte do pensamento da Eva) ele teria que comer também, para poder levar o assunto adiante, já que mesmo uma pessoa um pouco inteligente não consegue manter uma conversa interessante com outra absolutamente ignorante.
Como ele havia percebido esse pensamente de Eva não vem ao caso, o fato é que ele percebeu. E não fez nada para impedir que ela levasse adiante o plano.
E aconteceu que, depois de dar uma volta por estar de saco cheio daquela conversa sobre jabuticabas, tigres e o clima, Eva voltou e sentou discretamente ao lado de Adão, sob a sombra de uma grande figueira. Ela estava meio nervosa, o que deixava claro que aquele era O Dia.
- Pois é, né, Adão...
- É...
- Dia bonito hoje, não?
- Aham. Cadê aquela sua amiga cobra?
- Que cobra? Não sei do que você está falando – ao falar isso, Eva desviou a cara e enrubesceu levemente.
- Como assim “que cobra?”. Estou falando da que você virou amiga e tem conversado sem parar de uns tempos pra cá.
- Ah, essa cobra... – nesse momento, Eva decidiu tocar para o alto o plano A, que era enrolar Adão, e decidiu ser bem direta:
- Escuta Adão, a minha amiga...
- A sua amiga é uma cobra! – interrompeu Adão.
- ...tem conversado comigo sobre a Árvore da Sabedoria, - prosseguiu sem se abalar – e disse que eu iria adorar o fruto. Ela disse que já provou uma vez dessa Árvore, quando ela ainda era plantada no céu, e disse também que a emoção foi tanta de acumular tanta inteligência e independência a Deus em tão pouco tempo, que foi como ser atirada do céu sem pára-quedas e cair em um lugar maravilhosamente quente, bem quente. Eu cheguei à conclusão que deve ser bom e que devíamos tentar.
- Não sei não, não gosto da idéia de seguir mais uma de suas amigas. Lembra da última? Seguimos o conselho da águia e tentamos voar por que segundo ela era uma sensação maravilhosa. Nos tocamos de um precipício e começamos a bater asas e nada aconteceu. Batemos mais forte e nada continuou a acontecer. Quando vimos, a única coisa que começou a acontecer, e bem depressa, era que o chão estava cada vez mais perto de nós. Nós batemos feio, e não fosse a nossa imortalidade e isenção de dores, nós sem dúvida estaríamos mortos e com uma certidão de óbito onde constaria “suicídio” ou “ausência de esperteza”. Isso sem falar do golfinho rosa “macho” que foi sua amiga por um tempo e nos convenceu a sentir o cheiro da água. Submersos nela.
- Está certo, algumas de minhas amigas foram um pouco maliciosas conosco, mas essa é diferente.
- Acho que já escutei isso umas duas vezes, ou três, ou seriam quatro? Quem sabe: todas as vezes que uma amiga deu uma dica dessas.
- ...
- E além do mais, Deus deixou expressamente proibido o consumo dos frutos daquela árvore. Não lembra? Tem uma placa pregada na frente da árvore, onde está escrito: “Não comam do fruto dessa árvore. Podem comer o fruto de qualquer árvore, menos dessa. Não podem comer dessa. Nunca. Sob nenhuma circunstância. Continuem acéfalos e sem ambição e principalmente sem conhecer os segredos do mundo que os rodeia. Fiquem Comigo”. Se bem que não sabemos ler, mas tem um “proibida” no nome da árvore, então não deve ser muito bom nós irmos contra. – disse Adão, em tom de quem encerra uma discussão.
Eva fez uma falsa cara de vencida e arrematou:
- Aff, está bem. Você venceu. Eu vou ir lá e vou comer. Se você não quiser, não coma. Mas se não comer, pode aposentar a nossa cama de folhas de palmeira de casal, por que comigo tu não dorme mais.

Uma semana depois, sentindo dores, tristezas, e estresse, Adão olha pra Eva e diz:
- Bem melhor, né? Muitíssimo melhor...

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

O Esquecimento logo em frente

Tenho tido vários insights ultimamente. Sobre a vida, sobre as pessoas, e sobre a morte.
Um deles refere-se a nossa vida curta em que sempre esperamos algo mais, em que estamos sempre em busca de algo mais.
Podemos ter tudo o que queremos, mas apesar disso queremos mais. Meio como se sempre houvesse um vazio a ser preenchido. E não só do ponto de vista material, pois a idéia também se aplica ao emocional e ao intelectual.
Passamos o dia todo esperando a hora de ir dormir e descansar, esperamos a semana toda pelo final de semana para poder descansar ainda mais, e esperamos o ano todo pelas férias para poder esquecer dos problemas e esticar as pernas em uma atitude bem Hakuna Matata. Depois nos aposentamos, na esperança de que isso nos faça parar quietos de uma vez, e mesmo assim ainda não estamos completos, falta alguma coisa.
Francamente, se não houver um paraíso ou uma vida depois da morte, é muita sacanagem com todos nós.
(Essa deve ser a principal dificuldade de se ser ateu, pois para eles a vida é uma corrida rumo ao esquecimento, mas isso não vem ao caso).
Então, quando termina essa busca?
E eu mesmo respondo: essa busca não termina nunca.
O vazio que provoca essa busca é algo valiosíssimo, pois sem ele nós seríamos muito acomodados e não tentaríamos melhorar nada em nós mesmos. E a graça de viver não é chegar ao final da vida, a graça de viver é ter a lembrança de todos os momentos felizes que você teve no decorrer dela.
É aquela história do Horizonte, que o Jader postou. Nós nunca chegamos a ele, por que o único propósito dele é o de fazer-nos andar em sua direção. Captaram? Pois é...

Era isso pessoal, post pequeno, mas tá valendo...

Abraço!

domingo, 4 de novembro de 2007

Drogas

Este é um assunto muito presente hoje na sociedade. Ultimamente tem sido tópico de várias conversas, debates e programas de televisão. Vou falar sobre isso também.

Nesses últimos dias ocorreu uma festa rave em São Paulo, dessas que continua enquanto tiver gente dançando, e onde as pessoas não param de dançar enquanto a festa durar. É muito cansativo, pois elas geralmente levam mais de 30 horas para terminar, e várias das pessoas (jovens, em maioria esmagadora) ficam do início ao fim.
Até aí a descrição dela chega a ser romântica de tão bonita. Mas há um porém nessa história. Nessas festas são vendidas drogam muito pesadas, tal como ecstasy. Na festa em questão que ocorreu em SP, um garoto morreu por overdose depois de tomar algumas pílulas dessa droga.
Isso ocorre cada vez mais frequentemente. Mas por que eles ainda usam?
Em uma comunidade do orkut (chamada “eu uso drogas, e daí”) foi perguntado sobre isso, e o único participante da comunidade que realmente chegou a responder - a maioria fez um grande parágrafo só com palavrões e assemelhados - respondeu que ele usava para se sentir mais homem. Grande imbecil. Se ele é mais homem por usar drogas, só lamento, eu sou uma baita de uma bicha.
Tem quem diga que não faz mal, ou que faz mais bem do que mal. Vamos fazer uma pequena análise.
O legal das drogas é que elas te tiram da realidade. O ruim é que grandes quantidades causam overdose. Mas, mesmo que sejam usadas com parcimônia, cedo ou tarde o efeito de “viagem” passa e vem a depressão. Para cada ponto de prazer que a pessoa tem ao usar drogas ela tem dois de desprazer com a depressão. E o cigarro, mais especificamente, que é uma das mais usadas, não tem efeito bom nenhum. A pessoa não sente prazer nenhum em tragar a fumaça, se isola pois todos fogem do cheiro insuportável de câncer que fica no ar, ela fica dependente de algo que não é bom, apodrece os pulmões e, se isso tudo ainda é pouco, envelhece mais rápido. Mas que maravilha. Além de perder o tempo com o cigarro, ela perde o tempo que poderia vir a aproveitar no futuro.

Então, pessoal, escutem com atenção:
Não usem drogas! Impeçam que os outros usem! Usem a cabeça, botem pra funcionar as engrenagens, e notem que isso não leva a lugar nenhum, poxa.
Obrigado.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Música Que Momento da Semana

Hoje, pela manhã, escutamos essa música na escola. Além de ter uma letra muito linda e uma mensagem mais linda ainda, ela é cantada pelo Frank Sinatra, que embora tenha sido afilhado da máfia, é uma boa pessoa (dizem) e tem uma voz que nossa...

Frank Sinatra - My Way
Composição: Paul Anka & Jacques Revaux

And now the end is near
And so I face the final curtain
My friend, I'll say it clear
I'll state my case of which I'm certain
I've lived a life that's full
I've travelled each and every highway
And more, much more than this
I did it my way
Regrets I've had a few
But then again too few to mention
I did what I had to do
And saw it through without exemption
I planned each chartered course
Each careful step along the byway
And more, much more than this
I did it my way
Yes, there were times
I'm sure you knew
When I bit off more than I could chew
But through it all when there was doubt
I ate it up and spit it out
I faced it all
And I stood tall
And did it my way

I've loved, I've laughed, and cried
I've had my fails, my share of losing
And now, as tears subside
I find it all so amusing
To think I did all that
And may I say, not in a shy way
"Oh no, oh no, not me
I did it my way"
For what is a man, what has he got?
If not himself then he has naught
To say the things he truly feels
And not the words of one who kneels
The record shows I took the blows
And did it my way
Yes, it was my way


Tradução:

My Way

E agora o fim está próximo
Então eu encaro a cortina final
Meu amigo, Eu vou falar claro
Eu irei expor meu caso do qual tenho certeza

Eu vivi uma vida por inteiro
Eu viajei por cada e em todas as estradas
E mais, muito mais que isso
Eu fiz do meu jeito

Arrependimentos, eu tive alguns
Mas então, de novo, tão poucos para mencionar
Eu fiz, o que eu tinha que fazer
E eu vi tudo, sem exceção

Eu planejei cada caminho do mapa
Cada passo, cuidadosamente, no correr do atalho
Oh, mais, muito mais que isso
Eu fiz do meu jeito

Sim, teve horas, que eu tinha certeza
Quando eu mordi mais que eu podia mastigar
Mas, entretanto, quando havia dúvidas
Eu engoli e cuspi fora
Eu encarei e continuei grande
E fiz do meu jeito

Eu amei, eu sorri e chorei
Tive minhas falhas, minha parte de derrotas
E agora como as lágrimas descem
Eu acho tudo tão divertido
De pensar que eu fiz tudo
E talvez eu diga, não de uma maneira tímida
Oh não, não eu
Eu fiz do meu jeito

E pra que é um homem, o que ele tem que conseguir
Se não ele mesmo, então ele não tem nada
Para dizer as coisas que ele sente de verdade
E não as palavras que ele deveria revelar
Os registros mostram que eu recebi as desgraças
E fiz do meu jeito