quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Rápidas Reflexões de um Bixo

Como bem sabem, e provavelmente muitos de vocês já passaram por isso, quando se entra em um grupo, as pessoas desse grupo te “batizam” de algum modo especial. Comigo não foi diferente.
Entrei na nova escola hoje (apreensivo, indefeso, querendo colo) para o primeiro dia de aula e antes de eu conseguir dizer “inconstitucionalissimamente” já vieram pra me pintar, todos gritando alegremente “bixo!”, com batons e afins em mãos. Sorte que um deles me conhecia e por pura parceria me deixou escapar ileso à primeira onda de ataques. Então saí de fininho das redondezas e permaneci com a face intocada pelas ferramentas de batismo deles.
O que, óbvio, não durou nem até o recreio. E daí eles abusaram. Por eu estar limpo, me sujaram mais do que eu poderia dizer que é o suficiente. A palavra bixo ficou estampada em todas as partes visíveis da minha pele, bem como as abreviaturas dos outros cursos (é uma escola técnica, com vários cursos, e, naturalmente, há certa rixa entre eles), jogos da velha e carinhas felizes. E não pararam por aí. Pintaram minhas unhas de preto e vermelho, e eu até teria me sentido emo não fosse por que a) emo não gosta de vermelho e b) eles tomaram por unhas qualquer coisa que ficasse abaixo da metade dos dedos, e devem ter achado que tinha unha no meu pescoço também. Resumindo a parte do esmalte: vou ficar de molho na acetona.
Ocorreu também que depois de algum tempo veio um cara com uma lata de desodorante na mão me olhando com olhos repletos de maldade. Eu com uma esperança inocente quis acreditar que na lata tinha apenas um desodorante meio ruim, mas, para meu desespero, a lei de Murphy se confirmou mais uma vez e me fez ver – e constatar pelo cheiro – que o que a lata continha era na verdade vinagre. Não consegui escapar do dito e fiquei me sentindo uma alface temperada, alface tal que era dispensada de qualquer lugar que ia (“sai daqui bixo fedido”).
Mas, no fim das contas, foi até divertido. Fiz milhares de “amigos” (entre aspas, por que ainda não podem ser considerados amigos: não me lembro do nome da metade), conheci melhor a escola e agora compreendo o pessoal que dizia que eu ia me f* lá. As coisas são realmente diferentes, e mesmo sem ter recebido nenhum trabalho ou tema já percebi que vai ser difícil. Mas acho que vai fazer bem pra mim, já que detesto ficar aquém demais dos outros e que para evitar isso eu vou ter que ir bem na escola, o que só vou alcançar amadurecendo muito, e essa é a parte que vai fazer bem pra mim.

Abraço!

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Queria agora agradecer às pessoas que me deram os presentinhos ali ao lado, me desculpem se eu não agradeci mais perto da ocasião da entrega, mas é que eu “sisquici”. E outra coisa: na escola que eu estou terá um concurso de melhor crônica, conto e poema. Vai demorar ainda, mas eu fiquei curioso e quero matar essa curiosidade agora. Por isso, queria pedir para os parceiros mais antigos que dissessem qual é o meu texto menos ruim de uma dessas categorias supracitadas, para que eu possa participar desse tal concurso usando-o. Não precisa se não quiser, mas eu gostaria de grande quantidade de opiniões.
**espaço para merchandising básico** Quem estiver com tempo e/ou disposição de perdê-lo, pode escrever (naquela barra de texto no topo da página) a palavra “conto” ou “crônica”. Desse modo os resultados que serão mostrados na página vão ser os contos e crônicas (se não me engano botei como marcador em todos eles) ou textos que tenham essas palavras. Enfim, obrigado pela atenção!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Fim da Mamata e o Patriotismo

Alegria de pobre dura pouco, o que era doce se acabou... Existem tantas formas de dizer que minhas férias chegaram ao fim que eu só lembrei essas duas. Amanhã começa o esgotamento, que eu só vou conseguir curar nas próximas férias. Vida de estudante não é mole.
Hoje de tarde eu e minha mãe fomos comprar o material escolar. Sim, eu também acho “ótimo” deixar as coisas para a última hora, mas isso é melhor do que o que minha mãe queria fazer: deixar pra comprar o material só depois que começassem as aulas, por que, segundo a sabedoria popular e a dela, depois do começo eles ficam mais baratos. Mito. Mas para explicar que focinho de porco não é tomada, demorei até um dia antes de quando eu precisaria dos materiais.
Já peço desculpas desde já pelas visitas que eu vou ficar devendo ao longo do ano, pelos comentários que eu vou ficar sem responder e pela menor freqüência de postagens. Sei que muitos de vocês conseguem manter o blog, estudar, trabalhar em 2 ou 3 empregos, dar atenção pra família, fazer o que for que seja preciso, isso tudo dançando balé com um dos pés encostando na nuca; e por isso invejo vocês. Não se preocupem, não é uma inveja ruim, mas o fato é que eu não nasci em outro planeta, por isso sou humano. E um humano com grandes quantidades de preguiça.
Ainda tenho que devolver os meus filhos adotivos temporários (leia-se livros da biblioteca) e arrumar o meu quarto, assim quase como se fosse promessa de deixar o quarto sempre arrumado durante o ano. Sei que se não funciona no ano-novo, tampouco vai funcionar agora no início do ano letivo, mas não custa tentar, né?

E, como já é costume, mudando totalmente de assunto.

Em um comentário, o Frodo (http://frodooliveira.zip.net/) falou que o Paulo Coelho era um escritor pouco patriota (não consigo lembrar exatamente quais foram as palavras empregadas, mas o sentido era esse), e isso ficou na minha cabeça, latejando e me dando cefaléias (e crises de exagero).
Fiquei pensando se eu era patriota (não um escritor patriota, ainda falta mundos de experiência para eu me considerar um escritor de verdade, apenas patriota). A resposta inicial foi que não. Mas talvez eu seja um pouco mais patriota do que eu pensava.
Eu me emociono e me arrepio todo quando canto o hino olhando para a bandeira. Não quer dizer muita coisa, visto que eu me emociono e me arrepio mais olhando para a propaganda do Scavurska (“venha pro festa dos Nets, TV digital, telefone e Internet. Scavurska!” e a parte que eu mais gosto: “Saia do Sibéria, essa vida que é um tédio, os Nets são os caras, Net Combo é seu remédio!”), mas já é alguma coisa. Eu torço para o Brasil nas Copas, Olimpíadas, Pan-Americanos, e outras tantas espécies de “concurso” que só servem para mostrar que o Brasil é puro samba e futebol, inteligência nothing. Me enraiveço quando passa na televisão alguma notícia sobre algum político que passou, acidentalmente, dinheiro do bolso público para o bolso privado. Não gosto quando tiram sarro do Brasil em alguma série dos esteites (os Simpsons são campeões em insinuar que o Brasil é um grande mato cheio de bichos e que os poucos lugares civilizados são São Paulo e Rio de Janeiro) e muito menos quando ouço falar naqueles gringos metido-a-bestas que acham que a capital daqui é Buenos Aires.
Enfim, concluí que sou sim, patriota, que me dôo pelo meu país, e que o amo de paixão. Quando virar escritor, vou me fazer a pergunta novamente pra saber se sou ou não um escritor patriota.

Abraço!

PS: olha só que emoção: primeiro post escrito na versão 2007 do Word. Coisa chique, benhê! Só falta agora é saber pra que serve esses montes de botões, e descobrir onde botaram as ferramentas antigas nesse novo design sexy.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

GG

A preocupação com a imagem e aparência é cada vez mais presente. Os políticos pensam na imagem do país lá fora, pensam na própria imagem (e quantos votos arrecadarão com ela), suas mulheres pensam qual batom será o mais apropriado para ressaltar a sua imagem, e seus filhos, mesmo que inconscientemente, pensam em como poderão desmoralizar a imagem do pai e assim conseguir alguma atenção. Os modelos, os atores e atrizes, estes mais do que todo mundo se preocupam com a imagem. E não são só eles que o fazem.
O João da tenda se preocupa, o Zé do bar se preocupa, a caixa número dois de qualquer mercado se preocupa... Todo mundo se preocupa com a imagem. Para o cérebro, algo tão mais importante, não dedicam sequer uma preocupaçãozinha. Mas eles devem ter suas razões.
Antigamente, nos tempos das cavernas, os homens escolhiam as mulheres mais saudáveis para procriar, por que quanto mais saudável ela for, mais chance de o filho nascer saudável existirá. As mulheres, por sua vez, escolhiam os machos mais fortes, os que tinham mais chance de manter a família toda bem alimentada e que mais provavelmente não morreriam durante uma caçada.
Hoje em dia, esses conceitos são inúteis, já que poucos entre nós saem de manhã de casa para caçar (pelo menos “caçar” em seu sentido mais denotativo). O dinheiro substituiu a força, e agora qualquer escolha de parceiro baseada em força ou saúde, como era feito na idade da pedra, poderá ser considerada eugenia e, pelos mais chatos, nazismo puro e simples.
O que significa que a preocupação com a aparência deixou de ser tão importante, sem deixar de ser presente. Quem não é bonito como manda os ideais de beleza é um fracassado, quem não tem o peso exatamente igual ao ideal, grama por grama, é um fracassado também.
As lojas de roupas para gordinhos são um exemplo. Falo daquelas que só vendem roupas de tamanho G para cima, ou que fazem roupas sob medida, cobrando por hectare de tecido usado. Entrar em uma dessas é assinar a sentença de não ter sido capaz de controlar o apetite, o que faz com que grande parte dos gordinhos não vá nessas lojas, e continuem a se asfixiar nas roupas apertadas das outras lojas.
Mesmo as que se dizem não ligar para o que os outros pensam (tais como as vizinhas, tias, mães, mães de amigos...), no fundo ligam sim. Depois de sair de uma loja especial como a que eu descrevi mais acima, com as sacolas cheias de roupas novas e gigantescas, elas comentam discretamente, aos berros, como vai ser agradável presentear as amigas com aquelas roupas. Confessar que as roupas são para elas próprias, nem sob tortura.
Mas existe uma saída. Vamos voltar para as cavernas, viver como antigamente, para que essa preocupação com a imagem deixe de ser tão fútil. Vamos caçar mastodontes, fazer desenhos nas paredes, construir um Stonehenge, aposentar os eletrônicos, computadores e tudo o mais da tecnologia. O “tudo o mais” inclui alimentos industrializados, móveis, casas, aparelhos de musculação, de barbear, cosméticos...
Enfim, é melhor continuar com a preocupação. Afinal, sem os cosméticos, como eu vou arrumar meu cabelo todo dia de manhã? O que seria de minha imagem? Não, não e não. Tudo menos isso.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Biquínis, timidez e soletração

Sexta de noite eu fui a um desfile aqui da região, em um salão de festas bastante badalado, onde foi escolhida a Garota Verão **nome da cidade em questão que eu não lembro**. O que significa, entre outras coisas, que eu tive de fazer o sacrifício de ver trinta e poucas garotas l-i-n-d-a-s desfilando de biquíni a alguns metros de distância de mim. Digo sacrifício porque não é fácil seguir a filosofia de garçom “olhe, mas não coma”. E depois da escolha ainda teve festa, muuuito legal, há tempos que não ia a uma assim. E estou me redescobrindo: eu sempre abominei o funk, mas agora até que consigo apreciar a batida. As letras não (tem umas hilárias como o Funk do Créu e uns mais antigos) e continuo achando horríveis os raps e qualquer coisa parecida, mas quem sabe um dia eu também goste desse tipo de protomúsica. É aquela velha história de respeitar os diferentes gostos musicais, mesmo que o gosto alheio seja uma sucessão de rimas escatológicas e tenha uma coreografia duvidosa.
Ah, e aqui cabe um parênteses. Foi complicado de convencer a Dona Maria Helena de que a festa era de respeito e que eu não ia morrer devido a um acidente trágico de trânsito ou em decorrência de uma briga de gangues. Mãe coruja é fogo...
Fecha parênteses.
Foi legal dançar, rever algumas pessoas que havia conhecido no desfile da escola ano passado, umas misses, uns jurados, ver as gurias de biquíni, ficar com o ouvido fazendo pinnnnnnnnn até hoje por causa do som alto demais e, de um jeito muito bom, me despedir das férias que terminam nesta quinta-feira. Só não foi legal constatar que eu sou tímido demais pra certas coisas, e que eu tenho uma espécie de magnetismo animal de polaridade reversa (adoro essa frase). Como é que pode um cara boa pinta (modéstia off) como eu ir a uma festa e quem se dá bem são os marginais de esquina que estão fedendo à maconha e com os braços esburacados de agulhas? Eu devo ser muito chato mesmo, um adolescente às avessas, um pedaço de mofo no meio do salão, sei lá. Onde já se viu um adolescente tão pouco inconseqüente como eu? Tão responsável? Tão organizado? Tão não intoxicado? Aff. Tenho problemas.
E olha só que legal: consegui fingir por algumas linhas que este blog é de alguém com catorze anos...

Enfim, mudando de assunto.

Eu tenho uma espécie de lista negra de programas que eu detesto, que não posso ver uma TV sintonizada em um canal onde passe eles. O Caldeirão do Hulk está nessa lista, mas como eu não estava em casa, não podia fazer nada para deixar de assistir. O programa estava naquele quadro do Soletrando, e pasmem, conseguiram ir de programa emburrecente para programa informativo. As palavras que vinham não eram difíceis, mas eram “raras”, o tipo desconhecida para o telespectador médio do Hulk. Mesmo pra mim, já que nunca tinha ouvido o “quiróptero”, e tinha descoberto o “mnemônico” uma semana antes do programa.
Nota dez pra eles. Pros alunos que soletraram as palavras, claro. Pro programa, uns 7.

Abraço!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Críticas(?) Culturais(?) Return

Eu tenho lido bastante nos últimos dias, feito visitas freqüentes à biblioteca e, hehehe, isso é um paraíso. A mamata termina dia 28, mas eu ainda tenho uns bons seis dias até lá. Pra não deixar de escrever alguma coisa, e ao mesmo tempo escrever pra ver se engrena e quem sabe sai algo do meu gosto, eu vou fazer uma breve “crítica” dos livros e de um filme que eu olhei há alguns dias.

Os livros:

O Alquimista – Paulo Coelho
Foi realmente um choque ler este livro, visto que foi um dos primeiros de autor brasileiro que li fora alguns de crônicas. Foi um choque por que, como eu notei depois de começar a escrever nesse blog (isso é outra coisa legal de escrever: tu acaba ficando muito mais sensível às palavras usadas pelos outros, às expressões e também às artimanhas usadas pelos autores para conseguir o que querem dos personagens e da história em si), os estrangeiros tem um estilo totalmente diferente dos daqui do Brasil. Os brasileiros aproveitam muito mais da grandeza do idioma, não só no vocabulário, mas também nos apostos, nas rimas e naquelas frases de impacto que tem uma sonoridade diferente. Não que os estrangeiros sejam ruins, mas é que (acredito eu) boa parte da arte se perde durante a tradução, no caso de alguns tradutores.
Agora, voltando ao livro. A história é boa, fluente, não te dá vontade de parar de ler, tem reviravoltas legais, e ainda por cima tem uma boa mensagem de fundo. Eu destaco o momento em que o personagem principal medita para se transformar em vento, onde eu me senti tão envolvido na história que eu cheguei a ofegar.

Isaac Asimov
Deste cara eu li vários, por isso não vou comentar cada um deles em separado, mas vou escrever sobre o jeito que ele escreve.
As histórias são para quem gosta de ficção científica, mas tem que gostar mesmo, e não precisa entender muito disso. Claro que quem entende alguma coisa vai apreciar mais, pois as explicações fazem a coisa toda fazer sentido e deixar de ser tanto ficção, mas não é de todo necessário. Ele tem o costume de fazer você ver de um jeito diferente certas coisas que você está muito tão habituado a ver normalmente, que nem te passa pela cabeça que havia outro modo de vê-la. Por exemplo: (as palavras a seguir contém uma espécie de spoiler, então, se você acha que algum dia ainda vai ler algum livro dele e não quer saber de antemão o que eu vou mostrar, pule para o próximo parágrafo) em uma história duas crianças encontram duas criaturas estranhas, horrorosas e bem pequenas. As levam para dentro de casa (escondidas dos pais) e tentam domesticá-las, sem sucesso. Depois de algumas reviravoltas descobre-se que as criaturas que as crianças usavam de bichinho de estimação eram na verdade alienígenas inteligentes que vieram de outro planeta para comerciar justamente com os pais dessas crianças. Depois de resolvida a situação, pazes feitas, os alienígenas vão embora. O que acontece, caro Watson, é que no penúltimo e no último capítulo nos é revelado que os alienígenas na história eram humanos como nós, e que as crianças eram E.T’s dos mais tradicionais (verdes, com antenas e olhos nas pontas das antenas), diferentemente do que se está condicionado a pensar até então.
Pode ser desinteressante para muitos, mas eu acho fascinante. Outra coisa legal sobre esse autor é que uma boa parcela das histórias dele tem como ponto principal os robôs e todas as situações que podem envolve-los. Ele acha esse assunto tão importante, que chegou a criar as famosas Três Leis da Robótica:
Primeira Lei: o robô não pode ferir um ser humano, ou por inação deixar que um ser humano seja ferido.
Segunda Lei: o robô deve sempre atender às ordens do ser humano, a menos que isto interfira na execução da Primeira Lei.
Terceira Lei: o robô tem direito à auto-preservação, a menos que isto interfira na execução da Primeira e Segunda Leis.
Alguns filmes que foram baseados em obras deste gênio são O Homem Bicentenário e Eu, Robô. Vale a pena conferir

O filme:

X-Men 3
Os efeitos especiais são simplesmente sensacionais, e a história segue sempre muito bem enlaçada com as edições anteriores. Lógico que algumas das coisas que ocorrem no filme não condizem muito com a realidade, mas se a pessoa não for tão cricri como eu ela nem nota. Como por exemplo o homem que pode recriar partes do corpo (cai um braço e no lugar nasce outro), mas isso me deixa uma dúvida: de onde ele tira material para recriar o braço? É uma super sintetização de ar ou quem sabe um reservatório gigante de células tronco? As minhas dúvidas são sempre desse rol.
Mas apesar dessas inconsistências físicas e biológicas, o filme é ótimo.

Acabei escrevendo mais do que queria, e agora o post já está grande demais para eu escrever sobre mais umas duas ou três coisas que eu queria (o que vem bem a calhar, já que esqueci o que eram).

Abração!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

A Wikipedia Falha

O cérebro humano é intricadamente complexo. Tudo o que acontece no corpo passa por ali, como se fosse uma central de processamento. O que, afinal, não deixa de ser real. Mais intricadamente complexo do que o cérebro, só talvez os processos de pensamento (que se passam dentro dele). A inspiração, por exemplo, é uma série de memórias ativadas por uma ação interna ou externa que dificilmente pode ser identificada. Tal acontecimento não é raro, acontece a todo momento, o problema é que são temporários e suscetíveis aos “brancos”, e ficam por tempos sem acontecer comigo.
Tudo o que falei no parágrafo acima não tem praticamente nenhuma base, no máximo um ou outro texto que tenha lido sobre isso nos últimos tempos. Portanto, não serve como trabalho, explicação ou qualquer coisa séria, mas espero que aceitem isso como uma desculpa esfarrapada por eu não ter postado nada nos últimos dias.
Enfim, é mais fácil escrever sobre qualquer coisa quando se vê o mundo acontecer, porém dormindo eu não vejo isso. E olha só minha cara de preocupado. É, impressionante.
Tentei pescar alguma coisa na Wikipédia pra postar hoje aqui, mas não fui muito bem-sucedido. Agora só falta o Google falhar também para eu deixar de acreditar de vez na internet.
Para não dizer que a Wikipédia não me ajudou de nada, ela pelo menos tem os acontecimentos do dia. Vejo aqui que em 20 de fevereiro de 1255 o rei Afonso III de Portugal doou os castelos de Ayamonte e Cacela para o Mestre da Ordem de Santiago, D. Paio Peres Correia. (é reconfortante saber que pelo em alguns momentos da história aconteciam coisas mais excitantes do que isso). Mais recentemente, em 1878, aconteceu algo menos inútil: elegeram o Papa Leão XIII. A lista de acontecimentos segue nesse ritmo, mostrando uma data mais sem graça que a outra.
Mais abaixo também tem os nascidos e os falecidos nesse dia. O mais saliente deles é Ferrucio Lamborghini, que morreu em 1993. Pra quem não sabe (eu, por exemplo) ele foi o fundador da fábrica de carros Lamborghini. Na verdade não são bem carros, são naves, aquelas máquinas. Um dia eu ainda vou comprar uma daquelas.
E uma curiosidade: sabiam que a maior palavra do mundo é lopadotemamachoselachogaleokranioleipsanodrimhypotirmmatosilphioparaomelitok
atakechymenokichlepicossyphophattoperisteralektryonoptekephalliokigklopeleio lagoiosiraiobaphetraganopterygon? Ela pertence à língua grega e é o nome de uma comida. Não é prático, mas chama a atenção. Imagina só: em um restaurante, antes da pessoa conseguir terminar de falar o pedido a comida já vai estar pronta.

Como eu disse, a Wikipédia falha, e não me ajudou a fazer algo que preste hoje. Mas vai isso aí mesmo, serve pelo menos de sinal de vida.

Abraço!

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Por que eu escrevo?

No banho, lugar onde geralmente eu tenho as idéias para os textos daqui do blog, me surgiu na cabeça a pergunta título do post de hoje. Por que eu escrevo?
Antes de tudo, por que eu gosto de ter a idéia de que eu, de algum modo, estou fazendo bem pra mim mesmo (o que, em termos marcusvinicianos, quer dizer estar aprendendo ou estar moldando melhor uma habilidade), e como todos que já escrevem há algum tempo sabem, escrever faz muito bem. Melhora os papos, te deixa mais ligado em diversos assuntos, te deixa de um modo geral mais esperto e inteligente, e, no meu caso, também faz com que a cabeça pense de um jeito melhor (gente, desde que eu tenho blog, meus pensamentos têm vírgula, ponto, parágrafo, vocabulário diferente e tudo isso no lugar certo. Ou pelo menos no lugar onde minha cabeça ache que está certo).
Eu também escrevo pra poder expor as minhas idéias, de modo que as pessoas possam opinar a respeito, ou pra mostrar uma produção minha (crônica, conto, e tantos outros estilos que eu tento escrever) e ouvir as críticas, para um dia quem sabe deixar de ser pseudo-escritor. Até dá pra dizer que algumas vezes eu escrevo simplesmente pra me livrar de algo que incomoda a concentração. E nesse estilo de pensar, eu também escrevo pra poder demonstrar a minha própria opinião sobre certo assunto, defender um ponto de vista ou o que for, mesmo que seja apenas uma reflexão que eu por ventura tenha em momentos de ócio. Até, por falar nisso, está me pinicando uma idéia na cabeça, que está me induzindo a um dia desses escrever sobre religião, já que se eu falar em qualquer lugar sobre isso as pessoas ao redor me crucificam. Talvez levem numa boa se for numa reunião de amigos (e olhe lá), mas esses momentos não servem pra falar de religião.
Não fossem suficientes os motivos acima listados, eu também escrevo por que sou vaidoso pacas, e não tem n-a-d-a melhor do que um elogio sincero, e por que nos dias em que eu estou com espírito de porco eu quero mais é sacanear as pessoas “obrigando-as” a ler minhas besteiras. Tipo hoje assim.

Enfim, escrevi, escrevi, e no final não saiu nada muito legal, mas tá aí. Escrevo por isso também: poder ver no final de um texto ruim que eu sou humano e tenho muito a melhorar ou ver no final de um texto bom que eu estou progredindo e que um dia eu talvez chegue lá. E, afinal, como diz a Kari, “eu escrevo, vocês lêem se quiser”.

Abração pra todos!

PS: meu pé mandou notícias, encontrou com meu ego lá no Egito, enquanto este procurava ouro dentro da esfinge. Agora foi em busca do seu maior ídolo, um Iéte no Himalaia, vulgo Pé-Grande, para trocar idéias sobre frieiras e micoses. Meus joelhos foram atrás, voando com a mesma propulsão de mísseis intercontinentais.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Teoria das Múltiplas Inteligências

Devido a uma seqüência de circunstâncias, fui hoje no meio da tarde com meu primo trocar os livros na biblioteca. Andamos pelo shopping logo depois e fomos pra casa. Então ele me convida pra ir lá em cima nos campos do Liberato pra correr e jogar bola. Eu aceito e vamos.
Como é de se esperar de um estudante em férias que é absolutamente sedentário, eu mal agüentei cinco voltas na quadra. Dizem eles que uma volta corresponde a duzentos e cinqüenta metros, então não fui tão mal assim ao correr um quilômetro e duzentos e cinqüenta metros. Escrevi por extenso todas as medidas pra parecer bastante, como sei que vão entender. Lá, além da quadra e da pista ao redor da primeira, também haviam alguns “brinquedos de fisiculturista”. Nos apoios eu fui bem, faço bastante isso em casa. Na barra que eu me surpreendi comigo mesmo: fiz o dobro do que eu achava que era capaz.
Pois bem, como eu disse, eu sou um estudante em férias absolutamente sedentário, por isso cheguei cambaleante e vendo estrelinhas em casa. As rótulas do meu joelho querem imitar as rolhas de champanhe e sair voando. (Se alguma delas cair no quintal da casa de vocês, aí por São Paulo, Rio de Janeiro ou no nordestão, mande-as de volta pelo Sedex). As minhas coxas poderiam estar flácidas, se não estivessem duras feitas pedras de alicerce, e as solas dos meus pés clamou independência e saiu pelo mundo em busca do meu ego, aquele vagabundo que nunca mais mandou notícias. As partes de cima do corpo não estão doendo, apenas o suficiente pra me lembrar que existem.
Durante o treino/musculação/masoquismo da tarde, eles (além de mim e do meu primo estavam outros guris ex-colegas meus. A maioria era formada pelos caras que jogam bola no recreio, mas que apesar disso são legais) inventaram de jogar futebol. Eu, claro, aceitei. Gente, graças a Deus que o pessoal era gente boa e não tiraram sarro, por que eu dei um show de como não se deve jogar futebol. Lá pelos primeiros cinco minutos de jogo eu desisti e troquei de lugar com o goleiro. Antes da metade do jogo, depois de frangaços e chapéus espetaculares, eu desisti e troquei de lugar com o cara que fica do lado de fora do campo, esperando a vez de jogar. Eu fiquei esperando um anjo me levar pro limbo, mas fiquei ao redor deles mesmo assim.
O que me leva ao assunto que intitula o post de hoje: inteligências múltiplas. Escolhi este tema por que hoje foi a maior prova de que realmente deve existir algo disso. Por que eu, que modéstia à parte tenho boas notas em todas as matérias, jogo tão mal um simples jogo de onde se deve passar uma bola por uma goleira? Eu mesmo respondo: por que tenho inteligências mais aprimoradas diferentes das que o pessoal que estava lá em cima tem. E agora, como não poderia faltar em um texto “cultural” desses, vou listar as inteligências que foram identificadas até agora. Copiei esse trecho da Wikipédia, se quiserem ver a página completa, venham aqui.

--Lógico-matemática - abrange a capacidade de analisar problemas, operações matemáticas e questões científicas. Medida por testes de QI, é mais desenvolvida em matemáticos, engenheiros e cientistas, por exemplo.
--Lingüística - caracteriza-se pela maior sensibilidade para a língua falada e escrita. Também medida por testes de QI, é predominante em oradores, escritores e poetas.
--Espacial - expressa-se pela capacidade de compreender o mundo visual de modo minucioso. É mais desenvolvida em arquitetos, desenhistas e escultores.
--Musical - expressa-se através da habilidade para tocar, compor e apreciar padrões musicais, sendo mais forte em músicos, compositores e dançarinos.
--Físico-cinestésica - traduz-se na maior capacidade de utilizar o corpo para a dança e os esportes. É mais desenvolvida em mímicos, dançarinos e desportistas, por exemplo.
--Intrapessoal - expressa na capacidade de se conhecer, estando mais desenvolvida em escritores, psicoterapeutas e conselheiros.
--Interpessoal - é uma habilidade de entender as intenções, motivações e desejos dos outros. Encontra-se mais desenvolvida em políticos, religiosos e professores.
--Naturalista - traduz-se na sensibilidade para compreender e organizar os fenômenos e padrões da natureza. É característica de paisagistas, arquitetos e mateiros, por exemplo.

Eu acho que as que eu tenho mais desenvolvidas são a lógico-matemática e a lingüística, ficando em segundo plano a musical e espacial. O resto é menos desenvolvida. E na minha opinião, a físico-cinestésica seria mais uma habilidade, não uma inteligência propriamente dita. E as interpessoal e intrapessoal eu considero sabedoria, mas os psicólogos devem ter seus motivos para considerar todas essas oito inteligências. Quem sou eu pra discordar?

Enfim, era isso.

Um abração pra vocês!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Histórias por Metro Quadrado

Os pensamentos mais interessantes são os que te tomam sem a sua intenção de pensar algo dessa natureza. Algo como pensamentos que vagam em busca de algo com a qual se associar para formar algo que por ventura venha a interessar a consciência. Me aconteceu um desses hoje enquanto dava uma volta de ônibus até a casa de uma parente.
Eu estava olhando pela janela, e comecei a imaginar as histórias das pessoas e das coisas que via pela janela. As batalhas pelas quais os donos das lancherias teriam passado para poder abri-las, os acontecimentos subseqüentes a isso (clientes enraivecidos, funcionários que não trabalhavam, comidas estragadas...) e também, em alguns casos, imaginava como elas fechariam. Via os motoristas de ônibus, e via também todas as coisas pelo que ele passaram: o dia todo ali, quietos e dirigindo, talvez um assalto, problemas em casa com a mulher, alguns filhos...
E sim, minha imaginação estava no modo turbo naquele momento, e eu deixei que ela viajasse sozinha pra ver o que acontecia. E o que acontecia era que eu notava todas as coisas que poderiam estar se passando ou que poderiam ter se passado com aquelas pessoas/lugares e, como é inevitável para um aprendiz de pseudo-escritor como eu, também via que aquelas histórias todas podiam vir a se tornar textos.
Claro que a maior parte delas não passavam de rápidas crônicas, mas algumas mais inspiradas poderiam ser grandes novelas (uma tia dessas que não sabe que envelheceu andando na rua, ao que passa um carro ao lado e ela entra. Possibilidades: o cara do carro é filho dela; marido dela; tem qualquer outro grau de parentesco com ela; ou ela é uma garota de programa crescida demais e o cara do carro é um homem sem qualquer noção de bom gosto), guias de paquera (os pensamentos de um cara boa pinta andando no shopping) ou guias técnicos (com os pensamentos dos eletricistas e demais workaholics que só pensam em trabalho), livros de pensamentos em geral (dos intelectuais que vez por outra eu identificava na rua, lendo um livro ou tendo alguma atividade cultural) ou Best-Sellers onde se poderia se encontrar os casais apaixonados que eu vi no parque ou os maridos desconfiados que espionavam suas (lindas) mulheres em busca de um amante.
Enfim, me impressionei ante o fato de, pasmem, o mundo ser feito de pessoas e que elas pensam, e que todos têm seus anseios, medos, alegrias e histórias, sobretudo. Não que eu não soubesse, mas antes era apenas um fato lógico, agora é algo da qual eu tenho noção.
E outra coisa que é bom de notar é que o tédio é uma coisa extremamente relativa, pois a simples viagem pela própria mente já é uma ocupação que pode nos distrair por horas. Isso se a mente do dito cujo não for muito chata, por que ninguém merece uma viagem sem paisagem.

Abraço pra vocês, e que tenham muitas histórias pra viver que eventualmente possam inspirá-los a escrever algo, como eu fiz, mas tomara que o que escrevam seja mais útil do que as produções de moi...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Para tiritar de frio no verão

Adoro as férias. Hoje era três horas da tarde e eu ainda estava de pijama, tinha acabado de almoçar e estava no pc. No período que não é férias, três milissegundos depois de acordar eu já estou vestido com roupa de sair na rua, mais alguns milissegundos depois eu já fiz a higiene, já comi e estou pronto para ir enfrentar mais um dia de rotina: escola, coral, um ou outro curso, temas de casa, enfim, alguma coisa diferente de acordar, comer e dormir, que é o que mais acontece nesse período de descanso.
Não é uma reclamação, é apenas uma descrição do paraíso!

Nesse fim de semana vieram “os hôme” pra instalar o condicionador de ar (não sei por que teimam em chamar de ar condicionado, visto que tal coisa é o ar que sai do condicionador de ar) aqui em casa. Afirmaram de pés juntos para a minha mãe que estavam certos de que do modo como iam fazer não ia dar muita sujeira.
Pois bem, estavam errados. A serra de serrar pedra/lajota/membros-dos-mocinhos-em-fimes-de-terror que eles usaram para cortar o quadrado na parede fez alguma poeira. Digo alguma poeira pra não dizer que existia uma camada de alguns centímetros no chão, nas roupas, nas camas, nos móveis, na rua, nos transeuntes... sem falar, é claro, que minha orelha virou o que parecia um depósito de pedreira, mas já dei um jeito nisso (uma técnica conhecida como banho, alguns de vocês devem conhecer).
Muito tempo, paciência, poeira e batidas na parece depois, tcharam!, lá estava o aparelhinho pronto pra funcionar. À noite, com os amigos aqui em casa, olhamos o filme em um agradável clima polar, hehehe.

Queria ainda agradecer pelo prêmio dado pelo Antônio, “Nosso Planeta É a Nossa Casa”, que já está fixado ali ao lado, como vocês podem verificar. Valeu Antônio!

Era só isso, abraço!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O Fantasma do Engenho

Os três primos caminhavam pelo centro da cidade onde estavam passando o veraneio. Era noite, de lua tão cheia que chegava a ser amarela. Eles adoravam a praia por isso também: podiam sair à noite sem ter medo de assaltantes, assassinos, estupradores e tantos outros tipos de escória onipresentes há essa hora na cidade grande.
Não era a primeira vez que vinham ao centro nesse veraneio, muito pelo contrário. Vieram várias vezes antes e já estavam familiarizados com as casas e com os transeuntes, que pouco mudavam de uma noite para outra. Isso era possível já que o centro, tal qual a cidade à que pertencia, era muito pequeno, o tipo de cidade que não existe no mapa quando não é verão.
Tinham feito tudo o que se tinha pra fazer naquela noite, e estavam começando a ficar entediados com aquele centro sem opções de entretenimento. O mais velho dentre eles ainda conseguia se divertir mexendo com as garotas que por ali passavam, mas os outros dois, inexperientes nesse tipo de coisa, só conseguiam ficar apreensivos com as reações de tais garotas.
Passado algum tempo, decidiram ir para casa, por que naquele momento o descanso que a cama prometia era mais interessante do que o ócio induzido que estavam sofrendo andando pela única avenida da cidade.
Como ainda faltava algum tempo para chegar o toque de recolher estipulado pelos pais e avós, resolveram ir por um caminho alternativo, para aproveitar um pouco mais da companhia uns dos outros.
No meio do caminho que escolheram ficava - e está lá até hoje - um engenho que antigamente era usado para descascar, ensacar e exportar o arroz colhido na região, mas que agora estava em ruínas e só servia como ponto turístico; e ele servia muito bem para isso de dia, mas de noite, como os três primos vieram a constatar, ele serviria muito melhor como cenário para um filme de terror.
O lugar era alto, com muitos e muitos andares, e era cheio de janelas que davam para um interior mergulhado no mais escuro breu. No alto do prédio havia um farol desligado, e um pouco mais atrás estava uma alta chaminé que, como todo o resto do complexo, parecia que ia desabar a qualquer momento. Do lado de fora, a grama aparentava não ser cortada há anos, e as figueiras já não suportavam o próprio peso, encostando os galhos mais longos no chão.
Eles caminhavam ao lado disso tudo com o maior vagar em uma espécie de silêncio contemplativo, que só existe nesse tipo de situação. O único som era o do vento nas orelhas e o dos passos abafados pela estrada de chão batido. E foi no mesmo silêncio que avistaram um velho escorado numa enxada, parado junto ao portão.
Sentado ao lado do velho estava um vira-lata visivelmente castigado pelo tempo, que não se mexeu em momento algum. E neste momento parou de ventar, e os três pararam em quase perfeita sincronia. O velho, como chamado pela parada deles, virou o pescoço lentamente na direção dos garotos, que o encararam de volta e viram seu rosto. Não conseguiram ver com boa definição, pois estava escuro, mas as partes iluminadas pela lua cheia revelavam rugas em cima de rugas, e, como vieram a afirmar mais tarde, os olhos transpareciam ódio e maldade.
O vento voltou a assobiar, e isso aliado à lua cheia, à rua deserta e ao engenho em ruínas, os fez pensar que quem assobiava daquela maneira não era o vento, era ninguém mais ninguém menos do que o próprio fantasma. Sim, agora não restava mais dúvidas, aquele velho era um fantasma de verdade e ai de quem dissesse o contrário.
Quando o fantasma deu um passo, os três garotos começaram a correr desabalados pela noite, crentes de que o fantasma viera para buscá-los. Corriam mais do que maratonistas, mais rápidos que guepardos e mais amedrontados do que um copo de Coca-Cola. Nas rápidas vezes que olhavam para trás, viam que a enxada que o fantasma se segurava era na verdade uma foice afiadíssima, dessas usadas pela Morte para degolar as suas vítimas, e que ele corria, aliás, deslizava velozmente na direção dos três seguido de perto pelo cachorro demoníaco que estava sentado ao seu lado.
Depois de virarem uma esquina, chegaram à conclusão de que tinham, por fim, despistado o fantasma. Mas não os amigos do fantasma.
Todos os galhos de todas as árvores que eles passavam por baixo pareciam querer pegá-los, qualquer monte de lixo visto á distância parecia alguém correndo atrás deles, e então, depois de terem corrido como loucos pelo bairro, chegaram em casa. Demoraram a dormir, graças aos galhos que batiam no teto e aos bichos que corriam de um lado a outro no teto também.

Todos os três afirmaram categoricamente que apenas haviam corrido para ver a reação dos outros dois e para chegar mais cedo em casa, mas, embora possam dizer que é apenas coincidência, nunca mais voltaram do centro pelo caminho que passa no Engenho.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Agora podem começar o Ano

Nestes dias de Carnaval, fiz bastante coisa. Segue a narrativa.
Sábado de noite veio aqui em casa meu irmão Jader, com quatro filmes pra olharmos. O primeiro é uma comédia muito boa sobre uma mulher que descobre que vai morrer e começa a aproveitar a vida ao máximo, não lembro o nome em português, mas em inglês é Last Holidays. O segundo é sobre a vida do Ray Charles, tão rasgador de seda quanto o 2 filhos de Francisco. O terceiro é De-Lovely (acho), sobre a vida de um compositor de musicais, mas esse filme eu não consegui ver pois o sono falou mais alto. O quarto filme acredito que ninguém tenha olhado, pelos mesmos motivos que eu não olhei o terceiro.
Lá pelas tantas o Jader recebe uma ligação, onde avisam ele que é pra me deixar em Tramandaí quando ele fosse pra Capão da Canoa. Tipo assim, fui convidado do nada pra ir passar uns dias na casa onde estão a minha regente Neusa, o marido dela e uma amiga nossa.
Domingo, depois de chegar lá, conversamos bastante e de noite fomos a um lugar onde eles servem comida e tem música pra dançar. Foi bem divertido, a maior parte era uma velharada solteira, e a todo momento conseguíamos escutar uma ou outra cantada que um velho dava numa velha. Dancei mesmo assim, hehehe.
Ah, vale lembrar que lá o vento estava gelado e eu não havia levado casaco por achar que não ia precisar. Doce inocência. Cheguei a pensar que ia virar picolé de vez. E foi nesse frio que eu fui pular carnaval na beira da praia. Nunca tinha pulado carnaval antes, e não sabia que ia gostar tanto.
No dia seguinte, fomos pra praia de manhã. Muito tri praia de mar, a tempos que eu não ia. Aquela areia branquinha e bem fininha, as ondas indo longe, o repuxo forte, as meninas de biquíni, enfim, um paraíso. Só não gosto muito do sal na água, deixa a boca seca, os olhos ardendo e a sensação de estar sendo temperado.
De tarde caminhamos pelo centro, depois mais praia, e mais depois ainda fomos na casa de uma amiga pra cantar e jogar conversa fora. Até serenatas nós fizemos (enquanto isso, claro, o vento frio pegando nós de jeito).
Fomos dormir, não sem antes pular mais um pouco de carnaval, totalmente exaustos. Acordamos em um horário em que o café da manhã virou almoço, e fomos pra praia de novo. Na volta, nos arrumamos e eu peguei carona de volta para casa, fiz algumas coisas, matei a saudade do pc, dormi, acordei, almocei e agora aqui estou eu.

De todas as coisas que essa estada lá foi, além de divertida, alegre, e bem aproveitada, ela foi uma ótima experiência. Quero repetir ainda muitas vezes isso, sem dúvida.

E agora, um espaço para um pouco de cultura aqui. É sobre o carnaval.
Há dez mil anos, ele era uma festa pra comemorar as colheitas, depois tornou-se uma festa ao Deus Dionísio, deus do êxtase e do entusiasmo. Depois disso, o carnaval passou a incluir orgias sexuais e etílicas (característica que tem até hoje). As festas eram tão populares que a Igreja decidiu parar de combatê-las, e oficializou a folia na tentativa de conter a libertinagem. A palavra “carnaval” está ligada á tradição cristã e não comer carne no período que precede a paixão de Cristo. “Carnaval” deriva do latim carnelevamen (tirar a carne) que, depois, modificou-se para carne, vale (adeus carne).

Abração!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Casamento de Viúva

Bem, quando a pessoa não sai de casa, não tem histórias pra contar. E quando uma pessoa que tem blog não sai de casa, e portanto não tem histórias pra contar, ela fica inevitavelmente sem ter o que postar, o que nos leva a mais um post pra marcar presença.
Não que eu tenha ficado sem fazer nada, mas é que aqui está caindo uma chuvinha chata, que no momento está dividindo o espaço no céu com o sol (o nome desse tipo climático abre o post), e por isso não tenho vontade de sair do meu casulo. Nas férias é assim, fazer o que.
Aluguei o “A Volta do Todo Poderoso”, pra distrair um pouco as idéias, e foi bem bom. Uns amigos olharam e disseram que era legal (acertaram em cheio) e me deu vontade de olhar. Já que tinha tempo, olhei ele legendado e também dublado, só pra ver as diferenças das piadas. E tem bastante diferenças mesmo. Tem uma hora em que o personagem vê duas ovelhas e grita “Sheep!” (ovelha), mas na hora parece que ele vai gritar “Shit!” (merda). Esse é um dos trocadilhos que se perde na dublagem. Mas foi muito bom, mesmo sozinho dá pra dar umas belas gargalhadas.

Agora os livros que eu peguei na biblioteca me olham, e eu olho de volta pra eles; o computador e todos os e-mails e scraps não lidos me olham, e eu olho de volta pra eles; a comida na geladeira me olha, e eu olho de volta pra ela; mas a única coisa em casa que recebe toda a minha atenção de verdade é a minha cama.

“Minha cama, meu templo” – Garfield

Abraço!

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Adendo rápido: vou passar um tempinho fora (alguém pergunta: de novo? E eu respondo: aham), em Tramandaí, na casa de uns amigos. Explico quando eu voltar, que será ou em tal dia ou em outro, não sei mesmo. Quando tiver acesso a um computador que tiver acesso a internet, eu prometo que mando notícias.

Outro abraço no mesmo post!