quarta-feira, 2 de abril de 2008

Hitória de Família e de Lagartixas

Ano passado, em algum dia, uma ex-professora contou a história dos antepassados imigrantes dela. Segundo a dita cuja, ela descendia de um italiano (ou francês, sueco, esloveno, sei lá: só lembro que era europeu o homem) malfeitor, provavelmente um ladrão, que veio fugido de penetra em um barco para o Brasil, onde ele sonhava começar uma nova vida, com uma nova mulher, novo emprego, e o mais importante: com uma ficha criminal limpa.
Ao ouvir tal história, pus-me a pensar na minha descendência também. Sei que descendo bastante de europeus, dada a fluorescência da minha pele. Alemãos ou poloneses, nem sei. Pelo sobrenome, “da Silva”, já sei que descendo também de escravos. A base deste pensamento é a que havia uma família portuguesa muito importante, os Silva, e na época da escravidão era comum os escravos de cada família “herdarem” o nome de seus senhores. No caso, eles eram escravos da (família) Silva.

Embalado por pensamentos como esse, comecei a ficar mais interessado na história da família, em feitos importantes (ou pelo menos grandiosos) que meus parentes mais velhos tenham feito. Certo dia, enquanto filava um café na casa da minha avó, fiquei sabendo, por intermédio dela, que quem trouxera as lagartixas pro sul fora ela, seus filhos e meu avô.
A história é assim:
Nas brumas do passado, no tempo do guaraná com rolha, quando general motors ainda era soldado raso, mais precisamente em outubro de 1974, foram meu avô, minha avó e os filhos (já eram adultos) para Blumenau, em Santa Catarina, rever os amigos feitos na época em que moraram lá.
Em meio a reencontros, choros, berros, e algazarras provocadas pela súbita satisfação da saudade, minha avó notou, em uma das paredes do aposento, um réptilzinho com no máximo dez centímetros comendo toda sorte de insetos que passavam pelo seu caminho.
Ela se assustou, imagino que na mesma medida em que é normal nos assustarmos com aranhas e escorpiões. Depois de os amigos de lá explicarem tudo o que puderam sobre o bichinho, ela já começou a se acostumar a eles. Apelidou-os de jacarés-de-parede, mas o apelido não pegou, então passou a chamá-los de lagartixas mesmo.
Já que se “apegaram”, digamos assim, pelos bichos, decidiram traze-los para Novo Hamburgo, onde relata-se que haviam pouquíssimos (ou nenhum) animais da tal espécie. Fizeram isso enchendo até a tampa uma caixinha de relógio com ovos de lagartixa. Feito o contrabando de ovos, já em Novo Hamburgo, espalharam a notícia e os ovos para os vizinhos, que logo gostaram da idéia (sabe-se lá porque) e deixaram os ovos ao sol para descascarem.
Depois de alguns meses, os ovos já tinham descascado e as lagartixas nascidas nesses ovos já tinham posto ovos e estes também já tinham descascado, multiplicando em várias vezes, assim, a população de lagartixas daqui. Pelo que me consta, as lagartixas foram se espalhando de casa em casa, até chegar ao Centro, e do Centro se espalharam pro resto da cidade. Em uma das viagens que a família fazia para a praia, uma lagartixa foi junto e se espalhou por lá também.
Enfim, graças a minha família, o Rio Grande do Sul conta com uma força tarefa contra os mosquitos com a qual o governador do Rio sonha toda noite.

Pode não ser uma grande história, mas nela não se fala em ladrões europeus. E, de qualquer modo, “no fim do jogo de xadrez, o rei e os peões vão todos para o mesmo saco, sem distinção”.

Abraço!

7 comentários:

Anônimo disse...

Não deixa de seu um grande feito na história da família!
Ótimo texto!
Beijos no coração.

PS.: Já atualizei! Desta feita um texto mais esperançoso ao final.
;)

ContaPraMarcela disse...

Meniiiino.. sabe que isso tudo me fez ver que eu tbm nem sei direito qual a minha descendencia?? o.O
Sobre as lagartixas, ainda estou analisando o caso... bem complexo XD

Um beijo Marcola!

Fala, Garoto! disse...

Fala, garoto! Tudo bem? É primordial sabermos a história da nossa família, dos antepassados e tudo o mais.
Descendo de italianos e espanhóis. Em termos de detalhes, fico a desejar, pois minha memória é péssima. Ainda bem que tenho irmãos que possam levar essa história em frente. Abs

Kamilla Barcelos disse...

É Silva descende de escravos, e provavelmente vc tem parentes por todo Brasil! hehe Até o presidente da república.
Eu sabia a história diferente, q os escravos viam p/ cá sem nome se sobrenome... Nomes tipo Sousa e Silva são de escravos, o último significa selva.
Eu adoro essas hitórias de nome e sobrenome!
Adorei a história das lagartixas!

Fláh disse...

Ah nao li o texto,
to com sooono, ia comentar amanha mas li esta frase

“no fim do jogo de xadrez, o rei e os peões vão todos para o mesmo saco, sem distinção”.

e tneho que fla, perfeita. ahshausa

Anônimo disse...

Se eu disser que li seu texto 3x nos ultimos dias e nao sei oq comentar?!
¬¬
/candy se sentindo 'a lesa'.
¬¬

Bom domingo, coisinha que acende no escuro :D
;***

Kari disse...

É... minha família não tem essas estória legais... A unica coisa "legal" é que minha bisavó figiu de cada pra casar com meu bisavô, pois os pais dela eram contra... Fora isso, é tudo muito comum e sem graça...

Mas amei o texto e a frase de efeito final!!!!!

Beijão pra tu "guri"
e eu já tava com saudades

Ah!!!! Amei o texto da Marcela ali em baixo...