segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Entrevista Exclusiva com Papai Noel

Tinha planejado escrever uma carta para o Papai Noel, da mesma forma que o fiz para Deus há algum tempo, no outro blog. Porém, por uma feliz seqüência de coincidências, ele aceitou me dar uma entrevista exclusiva. Segue então o diálogo:

Marcus Vinícius (MV) – E então Papai Noel, como tem passado?

Papai Noel (PN) – Ocupadíssimo devido ao Natal próximo, mas bem, dentro do possível. E você?

MV – Eu estou bem também. Um pouco aturdido, mas não esperava menos de alguém que desde os quatro anos de idade não acredita em algo e de uma hora pra outra se vê entrevistando esse algo, mas que seja. Vamos dar prosseguimento à entrevista. Quando e como foi que você se tornou Papai Noel?

PN – Bem, quando moço, há muito tempo, e bota tempo nisso, eu era muito bom. Muito bom mesmo. Tive uma vida inteira só de bondades. Então, certo dia, em vias de morrer, eu recebi uma visita de um anjo que me indagou se eu aceitaria viver pra sempre como presente por ter sido tão bom em vida. Eu, mais do que logo, aceitei. E os anos foram passando, sabe, e passando e passando. Acabou que eu não tinha mais nada pra fazer. Viver sem fazer nada é uma boa, mas as tardes de domingo me incomodavam. Então, fui atrás de algumas coisas, descobri outras e puf! Quando eu vi já estava entregando presentes em um trenó ao redor do mundo, dando continuidade a minha vida de benevolências.

MV – Hmm, legal. A Mamãe Noel não ficou desgostosa com a situação?

PN – Pra falar a verdade, não. Ela é bem feliz e está totalmente satisfeita em passar o tempo todo tricotando meias natalinas e fazendo bolachas de natal (são as responsáveis pela minha barriga, hohoho). Vez ou outra ela questiona meus passatempos, falando que são megalomaníacos e que eu deveria me contentar com uma vida calma e sem excessos. Mas isso não chega a incomodar. Pouco tempo depois ela já esquece a discussão e vem com uma nova formada de bolachas.

MV – Porque você escolheu o Pólo Norte como morada?

PN – Lá não tem carteiro enchendo a paciência e tem bastante espaço para as minhas fábricas, depósitos, e casas de duendes. E me facilita um monte na hora de voltar pra casa depois da Noite das Entregas. Não precisa quebrar a cabeça, é só apontar a bússola para o norte e mandar bala.

MV – Isso me faz lembrar outra coisa que eu gostaria de perguntar: como você faz para fazer todas as entregas ao redor do mundo em uma noite apenas?

PN – Ah, eu tenho meus métodos. Na velocidade da luz tudo pára, e eu me aproveito disso. Para fazer as renas alcançarem essa velocidade eu dou café pra elas. Admito que uso anabolizantes também, mas não vem ao caso.

MV – Hmm, certo. O que você faz quando não é Natal?

PN – Muitos acham que eu fico em casa, bebendo chá com bolachas. E é isso mesmo. O trabalho de vistoriar as cartas e anotar os pedidos fica a cargo dos meus ajudantes, dos ajudantes dos meus ajudantes e dos ajudantes dos ajudantes dos meus ajudantes. A hierarquia de trabalho é bem simples.

MV – Você também tem Orkut?

PN – O profile não é só meu. Eu, o coelhinho da Páscoa e alguns santos importantes dividimos a mesma conta. O que gera um certo caos: entre os milhares de recados recebidos nós temos de separar o que é pedido de Natal, o que é promessa de bom comportamento, negociações com São Pedro para deixar o verão ensolarado, negociações com Santo Antônio para ele arrumar um bom casamento, vírus, propagandas, recados automáticos e correntes.

MV – Tenho que adicioná-los. Um perfil com tantas celebridades não é de se perder de vista. Eu tenho mais algumas perguntas, posso continuar ou você está com pressa?

PN – Com pressa eu estou, mas pode continuar a entrevista.

MV – Certo então. O que é que as crianças mais pedem?

PN – Ah, só o trivial. Carrinhos, bonecas, bolas de futebol, televisões, vídeo games, computadores, casas, apartamentos com vista para o mar... esse tipo de coisa. Você não quer aproveitar para pedir algo agora?

MV – Assim, do nada? Quero sim, só me deixa pensar um pouco. [pensa um pouco]. Alguém já pediu a paz mundial?

PN – Já, vários.

MV – E o fim da fome na África?

PN – Também já.

MV – Então tá. Vê pra mim uma bike com o maior número de marchas possível.

PN – OK. [pega um celular de última geração, liga para algum número, fala algumas palavras e desliga] Já anotei seu pedido.

MV – Uau, Papai Noel, não sabia que tinha aderido à tecnologia. Orkut tudo bem, mas um celular?

PN – Com o aumento da demanda, eu tive que deixar alguns preconceitos com o desenvolvimento de lado. É bem mais prático. Pode até ser que mandar mensagens via pombo correio seja romântico, mas é uma forma de correspondência muito lenta.

MV – Compreendo. Você faz uso de mais alguma coisa moderna como esse celular?

PN – Nada demais. Alguns notebooks, alguns satélites pessoais, alguns sites, etc. O mais legal que eu tenho é esse cartão de crédito. [nisso ele puxa um cartão dourado de dentro da carteira, que tem escrito “MegaUltraHiperSuperPlusAdvancedUser CardGold” com o seu nome junto]. Ele funciona em qualquer lugar da Terra e tem crédito infinito. Ou tu achas que eu pago todos os presentes com o meu próprio dinheiro?

MV – Papai Noel, esqueça a bicicleta. Posso pedir um desses?

PN – Hohoho, creio que não, jovem.

MV – Então como você o conseguiu?

PN – Se eu contasse teria de matá-lo.

MV – [desconcertado] OK, deixa pra lá. Posso conviver com isso. Acho que já tomei demais do seu tempo, Papai Noel. Foi uma boa entrevista. Se eu tiver mais alguma pergunta a fazer, ou se algum leitor daqui quiser saber de algo em especial, eu poderia ligar para você? Ou quem sabe mandar um e-mail?

PN – Claro que pode, vou ter o maior prazer em responder.

MV – Gostaria de deixar alguma mensagem para os meus ávidos leitores?

PN – Pode ser. Eu gostaria de dizer a todos que fossem, pelo menos nesse Natal, bondosos, e que tivessem na mente a gratidão por um cara que nasceu há mais de dois mil anos, sejam vocês religiosos ou não, que nos ensinou que seria legal se fôssemos melhores uns com os outros pra variar um pouco.

MV – Mais alguma coisa?

PN – Hmm, sim. Um Feliz Natal a todos e um Próspero Ano Novo! E bebam Coca-Cola!

E saiu. Do mesmo jeito que entrou: pela chaminé aqui de casa. O que foi bem estranho por que a) eu ofereci a porta de frente e b) aqui em casa não tem chaminé.

Abraço!

2 comentários:

Anônimo disse...

Perfeitinhoo!
to boquiaberta!
ótimo post!
adorei!

me dá um pouquinho da sua inspiração... só um poquinho vai... oq te custa?!
haha

Muito criativooo, pequeno lindooo!
adorei!

ei, vc que já está íntimo do velho Noel, pede uma viagem pra miiiim...
hihiih
:D

beeeeeeeijoo

Kari disse...

Caramba Marquinhos, só tu pra me divertir desse jeito em...
Uau! E que entrevista fantástica!!!
Acredita que eu tô escrevendo algo sobre o bom velhinho? É, mais tarde eu post lá no blog...

Beijão pra tu "guri"