terça-feira, 9 de outubro de 2007

Historinha do meu professor...

Hoje no curso meu professor se queixou de dor nos rins, e contou pra nós a história de uma outra vez que deu essa dor nele. Segue a história como contada por ele próprio.

Abraço!

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Uma vez me deu uma dor como essa. Eu estava dando aula pra primeira turma da tarde e começou a doer um pouquinho aqui no rim direito. Eu achava que era de estar a tarde toda em pé, então não dei bola para aquilo. Era o tipo de dor que eu só sentia se quisesse, daquelas bem fraquinhas.
Na segunda turma a dor já tomava maiores dimensões. E foi indo nesse passo na terceira e na quarta turma. Na quinta turma, já não me agüentava. Passei uma tarefa pros alunos e me escorei na parede no fundo da sala, respirando fundo pra ver se aliviava a dor e torcendo pra que nenhum dos alunos me chamasse pra explicar o que quer que fosse.
Com muita dificuldade, chamei o Adriano de canto e falei pra ele aprontar uma locomoção pra eu ir pro hospital tão logo terminasse a aula. “Mas o que tu tem?” perguntou ele. “Ah, só uma crise de pedra no rim. Não te preocupa, não é nada demais”. Eu vi ele ficar branco com a minha resposta. Saiu correndo de fininho, sob olhos assustados dos alunos.
Quando terminou a aula eu vapt pro hospital. Lá me confirmaram que era pedra no rim e que eu ia ter que dar um jeito naquilo (gênios!). Deram-me um remédio pra não sentir a dor na barriga. Tenho cá minhas dúvidas quanto à origem do remédio. Eles me diziam que vinha da farmácia, mas pelos efeitos que estava provocando em mim eu poderia jurar que o que me deram tinha sido um pouco da melhor safra de cannabis da Bolívia.
Cambaleante, voltei pro carro, dividido entre o desejo de uma cama bem fofa e o de mais remédio. Me disseram pra voltar no dia seguinte pra fazer alguns exames, mas eu estava mais interessado nas luzes que piscavam a minha volta, no cabelo rosa chiclete da médica e no seu avental verde com bolinhas azul água. É, eu estava doidão.
No dia seguinte, já no consultório médico e menos doido, me disseram que iriam fazer uma ecografia pra saber (se era menino ou menina, como meu adoráveis colegas adoram tirar sarro) como iriam tratar das minhas pedras nos rins. Só que pra fazer o exame, com bem sabem, eu tinha que ter a bexiga cheia. Então me deram dois litros de água pra eu beber ali, e eu bebi.
Que tortura não poder ir no banheiro! A cada nome que não era o meu eu sentia me afundar um pouco mais no banco da sala de espera. Minha bexiga estourando e eu sem poder dar uma boa mijada.
Depois do terceiro paciente que foi atendido antes de mim, eu já estava sentado em posição de monge, meditando para controlar a urina. Amarrar a ponta não era uma boa idéia pra ocasião, então meditar foi a melhor alternativa. Me desliguei do mundo, de todas as sensações, principalmente a que dizia “vai no banheiro, agora!!”. Cada vez que alguma enfermeira vinha perguntar se estava tudo bem, se eu não queria beber um refresco ou um café, eu a fulminava com meu olhar de “sabe voar? Quer aprender?”.
Quando eu ouvi a voz mágica chamando meu nome no fim do corredor, foi como se eu fosse a pessoa mais feliz do mundo.
Lá dentro, a médica passava aquela coisa gelada na minha barriga e apertava, parecia que estava querendo tomar um banho mais cedo. Ela está na minha lista negra.
Ao fim da sessão “aperto na bexiga”, era eu apostando corrida com o som em direção ao banheiro. Tudo que estava no meu caminho em uma linha reta ao banheiro não está mais lá, seja o que fosse. Fiquei três minutos lá dentro, apreciando a sensação única que é matar algo que está te matando. Saí do banheiro levitando, nem lembrava mais por que estava ali.
Fui pra casa e uma semana depois eu já estava com o rim saudável novamente.
Mas até hoje eu procuro por aquele remédio que me deram...

5 comentários:

Unknown disse...

Rá, esse teu professor deve ser muito doidão!... E o seu estilo está evoluíndo, cara. Já dá pra tentar aquele conto.
Abraços.

Anônimo disse...

Microcomputador: anão com cólica no rim... (fraca essa, né?)

Dizem que é o fim da vaca atolada, mas nunca passei nem quero passar por isso.

Um pouco de humor sempre faz bem.
E os teus textos com uma pitada leve de sarcasmo são tri bons...

Abraço, mano! Dos fortes!

Anônimo disse...

hauahauaahuahau... eu já fiz esse exame! é horrivel! alias, tenho que fazer de novo, mas estou evitando ao máááximo! :S

Se seu professor achar o danado do remedio... estamos aí! \o/
hehehe
=****

Anônimo disse...

Concordo com o Frodo... já poderia perfeitamente ter transformado essa história num conto, baseado em fatos reais, tal qual o meu (entendeu a diferença entre crônica e conto baseado em fatos reais?).
Preciso de inspirações desse quilate, caso queira escrever mais contos, hehehe.

Abraço!

Kari disse...

Muito ótima a estória do teu professor.
E realmente, daria um ótimo conto...

Ah... gostou de saber um pouco mais sobre "Che"? O "botando pra fora" também é cultura pow! hehehe

Beijão pra tu